Renata Bezerra de Melo/Folha de Pernambuco
O PSB ainda não definiu quem será seu candidato ao Governo de Pernambuco e viu, essa semana, o prazo de decisão ser esticado pelo presidente nacional, Carlos Siqueira, para fevereiro.
Mas a legenda parece certa de quem já não será mais de forma alguma, a despeito de materiais de campanha circularem sugerindo o contrário.
Ao longo da última semana, não só o governador Paulo Câmara, mas ainda o ex-presidente Lula e a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, bateram na mesma tecla: a de que o atual secretário de Desenvolvimento Econômico do Estado, Geraldo Julio, decidiu por livre e espontânea vontade não assumir essa missão, que, originalmente, lhe caberia.
Isso dito em público reproduz, em alguma medida, o que já ecoava nas coxias, sobre a hipótese de o ex-prefeito do Recife encabeçar uma chapa: “que as caravelas foram queimadas”.
Em outras palavras, socialistas vinham frisando, nos bastidores, que Geraldo repisou tanto que não queria que, agora, mesmo as bases do interior já haviam aceitado isso.
Em conversas reservadas, uma ala do PSB admite que a entrevista de Paulo Câmara à Folha de S. Paulo, na última terça (18), tinha um quê, de fato, de deixar isso mais claro.
E mais: que o movimento teria gerado incômodo internamente à medida que soou como recado a Geraldo Julio.
Fontes socialistas sublinham que o governador cuidou de deixar, nas entrelinhas, a mensagem de que, a essa altura, escolher entre os parlamentares cotados teria se tornado um caminho sem volta.
Na sequência, Lula também cuidou de enfatizar, em entrevista a blogueiros na quarta (19), o seguinte: “O PSB tem o direito de lançar candidato em Pernambuco, porque é o Estado em que a direção mais forte do PSB é lá. O que está acontecendo? O candidato natural do PSB não quer ser candidato, que é o Geraldo Julio. E o Paulo Câmara, que deve ser, na minha opinão, o coordenador da sucessão precisa discutir”.
Na quinta (20), a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, anunciou que o debate político sobre questões regionais será iniciado por Pernambuco. E ponderou: “Em relação a Pernambuco, sempre tivemos a compreensão que cabe ao PSB indicar. Tinha nome natural do ex-prefeito Geraldo Julio, que acabou não querendo ser candidato. Com a ausência, o PT colocou nome do senador Humberto à disposição”.
Os movimentos casados se dão quando o slogan “Pernambuco é Geraldo” passou a ser estampado até em outdoor. E socialistas já não negam que ninguém no partido estava entendendo mais nada. Daí, um freio de arrumação.
Novo prazo
Na última quinta (20), o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, em seu Twitter, destacou: “O governador de Pernambuco, Paulo Câmara, tem conduzido com eficiência a sua sucessão no Estado, com escuta atenta aos partidos parceiros. Até fevereiro, no máximo, o PSB deve anunciar o seu candidato ao governo pernambucano nas eleições 2022”.
Um dia após a declaração de Siqueira esticando prazo, que era janeiro, deputado socialistas brincavam: “Vai ver surgiram mais candidatos no PSB!”.