Secretário da CNBB diz ao jornal O Globo que casais gays precisam de amparo…

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Uma das principais vozes da entidade que representa os bispos católicos de todo o Brasil defendeu que as uniões entre pessoas do mesmo sexo sejam amparadas pela legislação do país.

Secretário-geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e bispo-auxiliar de Brasília dom Leonardo Steiner disse que essas uniões precisam ser compreendidas e precisam de amparo legal.

No início deste ano, o padre-cantor Fábio de Melo também defendeu a união civil entre pessoas do mesmo sexo em um programa de TV. A declaração gerou polêmica nas redes sociais.

Há um ano, a mesma CNBB havia se posicionado contra uma decisão do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) que determinou aos cartórios que celebrassem a união entre pessoas do mesmo sexo.

Agora, em declarações que podem ser interpretadas como uma mudança de tom, dom Leonardo Steiner defendeu os direitos legais de pessoas do mesmo sexo que decidem morar juntas. Porém, fez ressalvas quanto a equipará-las ao casamento e à família tradicional e explicou ser esse um dos motivos que opôs à época a instituição à decisão do CNJ.

“Não é um interesse qualquer quando se trata de pessoas. É necessário dialogar sobre os direitos da vida comum entre pessoas do mesmo sexo, que decidiram viver juntas. Elas necessitam de um amparo legal na sociedade”, disse dom Leonardo. 
Para dom Leonardo, as declarações do papa – que disse que os gays não deveriam ser julgados – fazem eco ao que já está dito pelo catecismo da Igreja Católica, que prega o acolhimento e a não discriminação dos homossexuais. 

Debate

Cléber Teixeira, membro do Fórum Estadual LGBT, afirma que as declarações do secretário da CNBB não são tão surpreendentes, já que, segundo ele, a mesma instituição há alguns anos disse que a orientação sexual dos sacerdotes não era importante, mas sim a sua consciência de viver a vida celibatária.

Para ele, o papa Francisco trouxe inovações na postura da Igreja que ainda não estão presentes nos documentos oficiais. Nesse sentido, ele aponta a fala do secretário da CNBB como um ponto positivo. “A Igreja normalmente não se abria esse debate. Isso é positivo porque alguns grupos católicos podem apoiar a causa. Porém, essa é uma discussão que preza pela laicidade do Estado e, sendo assim, não precisamos do aval da Igreja para nos considerar constituidores de famílias”, disse.

Coerência

O teólogo e professor universitário Vitor Nunes Rosa analisa a fala de dom Leonardo como um posicionamento que visa à proteção da pessoa, separando o aspecto legal do religioso. “A igreja reconhece que eles precisam de estar amparados pela lei em questões como o direito à propriedade, mas isso não entra na esfera da constituição de uma família”, diz.

Segundo ele, o acolhimento aos homossexuais não é novidade com o papa Francisco, mas já está previsto no Catecismo da Igreja Católica, redigido por Bento XVI, quando era ainda cardeal no pontificado de João Paulo II. (Gazeta Online)