Por: Eduarda Oliveira/Diário de Pernambuco – Na madrugada desta sexta-feira (14) uma tragédia tomou conta do Recife. O Lar Paulo de Tarso, localizado no Ipsep, Zona Sul do Recife, foi atingido por um incêndio por volta das 2h30. Até o momento não se sabe as causas do incêndio. Até o momento, as vítimas fatais foram três crianças e a cuidadora Margareth da Silva, de 62 anos, que morreram após inalação de fumaça tóxica causada pelas chamas.
Em boletim médico atualizado às 17h25 desta sexta-feira, a Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE) comunicou que seis pacientes continuam internados no Hospital da Restauração, todos se encontram em estado grave, intubados, na UTI. Duas crianças foram encaminhadas para o Hospital Brites de Albuquerque, em Olinda. Das 4 crianças internadas no Hospital Geral de Areias, 2 foram transferidas para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) para a vigilância clínica, do Hospital Maria Lucinda, no bairro da Jaqueira; as outras duas crianças foram encaminhadas ao IMIP, no bairro dos Coelhos. A paciente adulta está em observação na emergência clínica. As duas crianças recebidas pelo Hospital Brites de Albuquerque, em Olinda, estão na UTI, estáveis, para acompanhamento e vigilância clínica. Mesmo sem ter muitas partes do corpo afetadas, os feridos internados estão em estado grave porque tiveram os pulmões queimados.
O espaço, que abrigava 15 crianças e adolescentes, atuava no acolhimento de pessoas em situação de risco há mais de 30 anos, cumprindo um importante papel junto ao poder público, o judiciário e o Ministério Público. Ao chegarem no Lar Paulo de Tarso, encaminhadas pelos Conselhos Tutelares e o Juizado da Infância e Juventude, todas as crianças e adolescentes recebem educação integral.
VISTORIA
O Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), por nota, informou que a administração das casas de acolhimento é de responsabilidade do município ou de ONGs e que “ao TJPE cabe, juntamente com o MPPE, fazer fiscalizações periódicas. Se houver irregularidades, as providências cabíveis serão tomadas.” De acordo com o Ministério Público de Pernambuco (MPPE), o trabalho de apuração das razões do incêndio já foi iniciado pela Polícia Civil, Instituto Médico Legal (IML), Instituto de Criminalística (IC) e Corpo de Bombeiros. Além disso, há um mês, foi realizada uma inspeção pela Promotoria, e, na ocasião, não foram identificadas irregularidades no local. “Eu, pessoalmente, visitei a casa no último dia 28, que a gente faz inspeções periódicas… e essa era uma das casas que sempre estava organizada… não era comum ter exposição a riscos”, declarou a promotora de Justiça do MPPE, Jecqueline Elihimas.
O Instituto de Criminalística (IC) esteve no local e recolheu o “DVRs”, um gravador de imagens de câmeras de segurança. O aparelho será encaminhado para o laboratório do IC, caso seu funcionamento tenha sido afetado pelo fogo. A equipe do Instituto deve retornar na manhã da próxima segunda-feira (17) para continuar as investigações. O prazo para concluir o inquérito é de até 30 dias.
A governadora de Pernambuco, Raquel Lyra, emitiu uma nota dizendo que se solidariza com as famílias das vítimas neste momento e que corpo de Bombeiros, Polícia Civil e equipe de saúde estão atuando integralmente. A Prefeitura do Recife disse lamentar profundamente e que se solidariza com as vítimas e os familiares de todos que foram atingidos pelo incêndio. Eles informaram que desde a madrugada desta sexta-feira (14), que estão coordenando, a partir de um trabalho integrado entre diversas Secretarias, as ações de suporte e apoio às vítimas.
A Prefeitura comunicou que está concluindo as obras de uma nova Casa de Acolhida, que estará apta para receber crianças e adolescentes do Lar Paulo de Tarso, quando receberem alta hospitalar. O novo espaço ganhará o nome de Margareth da Silva, cuidadora do Lar Paulo de Tarso há mais de 10 anos que acabou falecendo no incêndio. “A gente vai fazer todo esse acolhimento, dialogando com o poder judiciário, dialogando com a entidade que tem esse trabalho há mais de trinta anos e tenho certeza que juntos a gente vai fortalecer esse trabalho que é tão importante, tão nobre”, anunciou João Campos. Quando a perícia for concluída, a Prefeitura também irá disponibilizar, por meio do programa Parceria, todo o projeto técnico e o material para reconstrução do abrigo.
