Secretária cita ‘clamor’ da população e necessidade de resposta para justificar liberação da cloroquina em casos leves

G1

A secretária de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde, Mayra Pinheiro, citou nesta quarta-feira (20) o “clamor” da sociedade por respostas no combate da Covid-19 como uma das motivações para a elaboração da nova regra que permite o uso da cloroquina mesmo em casos leves. O ministério não apresentou estudos recentes como justificativa para adoção do medicamento.

Sem ministro da saúde efetivo, o interino general Eduardo Pazuello, não participou da apresentação. O Ministério da Saúde foi questionado sobre o posicionamento da Organização Mundial da Saúde (OMS). A OMS é contra o uso da droga por falta de evidências. O secretário-Executivo Substituto, Élcio Franco, disse que não é possível esperar por estudos.

“Todos sabemos que estudos científicos levam tempo. Se nós esperarmos que sejam seguidos todos os passos para que tenhamos evidências para iniciar algum tratamento terapêutico, já vai ter acabado a epidemia e milhares de pessoas morrerão” – Élcio Franco, secretário-Executivo Substituto

A secretária de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde também afirmou que não é possível esperar evidências científicas do “tipo A”, ou seja, estudos conclusivos.

“A motivação da confecção dessa nota informativa vem da necessidade de resposta da população”, disse Mayra Pinheiro. “Já temos mais de 18 mil mortes. Há um clamor da sociedade que chega ao Ministério da Saúde”, disse a secretária.

“Estamos falando hoje em orientação, e não em protocolo”, disse Mayra. “Não estamos nos afastando da ciência. Estamos nos aproximando da necessidade de garantir a vida em tempo de guerra.”

Mayra disse que o ato do governo busca promover “equidade”, pois, segundo ela, “uma camada menos favorecida” teria “limitação” no acesso ao medicamento.

A secretária ainda afirmou que o ato garante “acesso oportuno e precoce ao único tratamento que nós temos contra essa doença”.

O relato da secretária que afirma que a cloroquina é o “único tratamento” não encontra respaldo nas principais entidades científicas mundiais, entre ela a Organização Mundial da Saúde (OMS), que repetidamente afirma que não há medicamento com eficácia comprovada contra a Covid-19.

De acordo com os técnicos do Ministério da Saúde, os quase 3 milhões de comprimidos são suficientes para atender 164 mil pacientes e o material que ainda será produzido deve atender outros 375 mil pacientes.

“Nós não estamos dizendo que esses paciente farão uso indiscriminado da população. Não estamos dispensando os exames complementares. (…) Embora o uso seja off-label, é o que temos hoje, é o que o mundo vem usando e a prova é o desabastecimento no mundo. O mundo inteiro procura uma saída”, disse Mayra Pinheiro.