Salário mínimo fica abaixo do valor necessário para sobreviver, diz pesquisa…

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Para suprir as necessidades básicas, o salário mínimo deveria ser de R$ 3.940,24. Esse é o valor apontado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) como o mínimo necessário para trabalhadores garantirem comida, casa, transporte, saúde e educação de uma família de quatro pessoas. Na ponta do lápis, o montante equivale a quatro vezes o mínimo de R$ 880.

Segundo o Decreto-Lei 399, de 1938, no governo de Getúlio Vargas, o salário mínimo deveria ser o suficiente para prover alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene e transporte ao trabalhador. No cálculo do mínimo necessário, o Dieese segue essa premissa à risca e leva em conta uma família de quatro pessoas (dois adultos e duas crianças).

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E essa discrepância tem crescido com o aumento do custo de vida. O mínimo necessário de 3.940,24, calculado em junho, é 4,2% maior em relação a maio, mês no qual esse valor era de R$ 3.777,93. O aumento tem relação com o encarecimento da cesta básica.

A alta da inflação acaba tendo peso ainda maior no orçamento da parcela da população que recebe menos, conforme explica o economista e membro do Conselho Regional de Economia (Corecon-MG) Adriano Miglio Porto. “Quem ganha o salário mínimo tende a ter gasto mais intenso vinculado a produtos e serviços essenciais, como transporte, alimentação, água e energia elétrica. Se aumenta o preço do feijão, esse gasto de alimentação tira a possibilidade de consumo de outros bens”, afirma.

Mas o especialista explica que, embora seja o menor valor que um trabalhador pode receber, o salário mínimo traz grande impacto na economia e funciona como uma espécie de termômetro. “Ele ativa a economia como se fosse adrenalina na veia. Normalmente, os mais pobres consomem mais quando recebem mais dinheiro. Quando começa a segurar o salário mínimo, corre o risco de ocorrer o contrário”, reforça o economista. Para se ter uma ideia, o aumento do mínimo de R$ 788 para R$ 880 em 2016 deve injetar R$ 57 bilhões na economia nacional, segundo o Dieese. (Diário de Pernambuco)