O ex-ministro do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, após ensaiar uma pré-candidatura à presidência da República pelo PSB, anunciou que não será candidato nestas eleições. A decisão além de mexer no quadro nacional, porque saiu de cena um candidato que estava com boas intenções de voto, tem um efeito imediato em Pernambuco pois criou as condições políticas para a consumação da aliança entre PT e PSB.
O namoro entre petistas e socialistas já estava em evidência há algum tempo, e com o desejo de Humberto Costa de tentar renovar seu mandato no Senado atrelado a uma vontade do PSB de tirar Marília Arraes do páreo, juntou a fome com a vontade de comer. Essa decisão de Barbosa, que era um óbice à aliança nacional e local, abriu o caminho para a aliança dos dois partidos depois de três eleições distantes em Pernambuco.
Marília Arraes já está rifada, porque quem efetivamente manda no PT se chama Humberto Costa. Em 2012 ele foi capaz de rasgar as prévias vencidas por João da Costa para ser o candidato do partido a prefeito, não seria agora que Humberto iria dar legenda a Marília que chegou recentemente no PT e já queria sentar na janela sendo candidata a governadora. Humberto sempre sonhou em reinar absoluto no PT, e agora caso o partido apoie a reeleição do governador Paulo Câmara e ele se reeleja, Humberto voltará a falar grosso no estado, principalmente se conseguir renovar seu mandato no Senado.
Caberá a Marília Arraes a partir de agora trabalhar no sentido de estruturar uma candidatura a deputada federal e consequentemente subir de patamar na política, porque no cenário que se desenhou a nível nacional e estadual, a sua pré-candidatura a governadora subiu completamente no telhado. Sem Marília Arraes no páreo, a eleição fica afunilada entre Paulo Câmara e aquele que vier a representar a oposição ligada a Temer. E como é pouco provável que os simpatizantes de Marília migrem para o palanque da oposição, Paulo Câmara torna-se o maior beneficiário do quadro que está se consumando em Pernambuco para tentar a reeleição. (Edmar Lyra)