Magno Martins
Está se confirmando para o governo Dilma o pior cenário congressual após a prisão do senador Delcídio do Amaral (PT-MS): uma paralisia que ameaça deixar na gaveta projetos importantes para a gestão das contas públicas.
A votação da emenda constitucional que prorroga a DRU (Desvinculação de Receitas da União), proposta que dá maior liberdade para gastos, enfrenta dificuldade de aprovação. Também há empecilho para mudar a nova meta fiscal, a fim de dar mais transparência ao deficit orçamentário deste ano e evitar que a presidente Dilma Rousseff seja acusada de desrespeitar a lei.
Para piorar a situação, a prisão de Delcídio atinge o Senado e dificulta a ação do comandante da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), um aliado que tem sido importante para o governo. Com isso, aumenta a dependência do governo do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que está em situação delicada.
O Palácio do Planalto, que imaginava ter um fim de ano mais tranquilo, para jogar a crise para o ano que vem, volta a viver um momento ruim. E é justamente essa estratégia de esperar a crise passar que tem agravado os problemas do governo.
A crise não vai passar, porque a Operação Lava Jato tem potencial para continuar a atingir políticos importantes durante todo o segundo mandato de Dilma. Se a chamada agenda “delegacia de polícia” vai se estender por tanto tempo, o governo precisa ter uma agenda paralela.
Continua…