Bruna Lima /Maria Eduarda Cardim/Correio Braziliense
Todos nós estamos sujeitos a contrair o novo coronavírus. Mas a doença se manifesta de diferentes maneiras em cada organismo, afetando, de forma mais agressiva, principalmente, uma parcela da população considerada como grupo de risco. Não só os idosos estão mais suscetíveis a ter complicações em decorrência da doença. Entram nessa parcela os diabéticos, hipertensos, cardíacos, pacientes com câncer e acometidos por doenças respiratórias crônicas.
A população mais jovem com doenças congênitas também precisa de cuidado extra, já que essas infecções virais geram alterações grandes no aparelho cardiovascular. “Logo, esse grupo mais jovem terá menos chances de ter uma resposta adequada”, indica Urbaez. Enquanto a mortalidade de uma maneira geral fica em torno de 3,5%, no paciente portador de doença cardiovascular, a letalidade chega a taxas de até 10,5%.
Relatórios da Organização Mundial de Saúde (OMS) e do Ministério da Saúde colocam os hipertensos e cardíacos entre os mais suscetíveis à Covid-19. Isso porque as complicações mais graves estão ligadas ao pulmão e ao coração e, quando não há um funcionamento adequado da pressão arterial, bem como do próprio coração, o corpo tem mais dificuldades para vencer a doença.
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A médica Ludhmila Abrahão Hajjar, diretora da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), detalha de que forma o corpo deste grupo pode ser afetado em casos graves. “Temos o conhecimento baseado nas casuísticas dos últimos dias, pela experiência da China, que o vírus infecta o miocárdio e o sistema cardiovascular, gerando problemas decorrentes da inflamação e da infecção direta do vírus. O sistema cardiovascular é afetado e o paciente pode apresentar arritmias em torno de 15 a 16%, miocardites, insuficiência cardíaca e isquemia miocárdica entre 7 e 10%. De uma maneira geral, o cardiopata é um paciente de maior gravidade, tanto para se infectar quanto para apresentar uma complicação clínica mais forte”, diz a cardiologista.
No caso dos diabéticos, o excesso de glicose no sangue e a tendência para inflamação são fatores que potencializam a vulnerabilidade. “Por terem mais predisposição, esses pacientes diabéticos precisam se preocupar em preservar a imunidade, melhorando a alimentação, fazendo monitoração glicêmica com mais frequência e usando, adequadamente, os remédios”, recomenda a endocrinologista Luciana Corrêa.
O perigo também é maior naqueles acometidos por doenças respiratórias crônicas, já que tanto o sistema imunológico quanto os pulmões são mais enfraquecidos, o que aumenta os riscos de complicações.
No caso das pessoas que passam por tratamento contra câncer, há uma diminuição da imunização, principalmente àqueles com neoplasias hematológicas (como leucemias, linfomas e mieloma múltiplo), que passaram por transplante de medula óssea e que fazem quimioterapia. A Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica alerta para que não haja interrupção dos tratamentos oncológicos. “Assim como toda a população, estes pacientes devem evitar contato físico com outras pessoas”, recomenda.
