Desde o início, sempre causou no mínimo desconforto ver Joesley Batista assistindo de Nova Iorque o incêndio que provocou na Esplanada dos Ministérios. Mesmo a quem apoiava a investigação, a “prisão” de Joesley no Baccarat Hotel & Residences incomodava. Na melhor das hipóteses, o conforto do exílio norte-americano de Joesley compensava dada a gravidade do que ele revelara na sua delação: um grande esquema de corrupção, que chegava a envolver o próprio presidente da República, Michel Temer.
Diante dos acontecimentos dos últimos dias, engrossa com muita força o temor de que Joesley, na verdade, tenha criado um esperto estratagema para se livrar da cadeia, usando o Ministério Público para alcançar o seu objetivo. E, aí, corre o risco de ter um final melancólico a passagem de Rodrigo Janot pelo comando da Procuradoria Geral da República. Ele terá que mostrar que seu trabalho vai ao encontro da realização da nossa Operação Mãos Limpas, na tentativa que a Operação Lava-Jato e tudo o que a envolve faz de replicar no Brasil o que aconteceu na Itália na investigação que demoliu os braços da Máfia na política. Ou sucumbir caso prevaleça a ideia de que, na verdade, Joesley lhe passou a perna tornando-o o protagonista, de fato, de uma “Operação Mãos Bobas”.
Continua…