Roberto Jefferson comunicou, ontem (24), seu afastamento “por prazo indeterminado” da presidência do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB). Por meio de carta, de 10 páginas, enviada diretamente de Bangu 8, no Rio de Janeiro, onde está cumprindo pena, o ex-deputado e agora ex-presidente de partido entregou o comando à Graciela Nienov, que, segundo ele, acredita estar pronta para o pleno exercício da função.
Em seu entendimento, a tarefa da presidência exige agilidade, a qual não consegue ter enquanto estiver preso. “Percebo a necessidade de uma presença mais próxima da gestão partidária, que por razões óbvias eu não tenho podido assumir. Essa semana dois contratos que precisavam ser assinados, eu não pude fazê-lo, pois a Administração Penitenciária não autorizou. Autoriza que eu assine procurações, mas contratos contrariam a norma interna da Secretaria Penitenciária. Assinar é falta grave”, explicou em um trecho.
Jefferson analisou a nova liderança e comentou sobre o apoio que Nienov tem da quase totalidade do diretório e da maioria dos presidentes regionais. Isso foi destacado porque a permanência do então ex-presidente à frente do partido provocou um mal estar interno.
Há alguns dias, seis deputados entraram com pedido para afastamento de Roberto Jefferson no Tribunal de Justiça do Distrito Federal alegando mau uso do fundo partidário de R$ 20 milhões e os ataques feitos ao Supremo Tribunal Federal (STF).
O grupo composto pelos deputados Nivaldo Albuquerque (PTB-AL), Pedro Geromel (PTB-CE), Wilson Santiago (PTB-PB), Emanuel Pinheiro (PTB-MT), José Costa (PTB-PA) e Antônio Albuquerque (PTB-AL) foi chamado de “grupo conspiratório” e atacado por Jefferson em sua carta. O ex-deputado fez acusações, xingou, revelou histórias pessoais e apelidos, de forma detalhada, aos seus adversários.
“Os que me acusam, não posam para fotos com armas nas mãos , agem na surdina, encobertos, à espreita, à traição, covardemente, e atiram e assassinam vidas humanas. Essas diferenças devem ser ressaltadas aos olhos da justiça”, ameaçou.
Seu desejo é confrontá-los na Convenção Nacional do partido. Para que isso ocorra, ele pediu a todos os atuais deputados presidentes que assinem uma contestação em sua defesa para que, segundo ele, mostrem “a justiça a verdadeira e real representação”.
Além disso, aproveitou a oportunidade para enviar uma alfinetada à sua filha, a ex-deputada Christiane Brasil, com quem tem constantes embates. “Por final respondo a pergunta de todos sobre a parentela: filho é igual a peido, nós aturamos os nossos”, disse.
Internação
Mais cedo, Roberto Jefferson foi internado às pressas no hospital do complexo penitenciário do Rio de Janeiro. Ele teve complicações em seu estado de saúde, apresentou febre alta, taquicardia e pressão baixa. Sua defesa alega que a situação é grave, inclusive com risco de morte. Já é o segundo agravamento no quadro de saúde do ex-deputado desde setembro.