Em reserva, parlamentares socialistas admitem que a reunião da bancada federal, realizada esta semana para ratificar o apoio do PSB à federação, foi um repeteco de algo que já havia ocorrido antes do recesso, quando 24 dos 25 deputados federais da sigla mostraram-se favoráveis ao mecanismo.
Uma semana depois daquilo, 21 presidentes de diretórios estaduais, dos 26 presentes em reunião comandada pelo presidente nacional, Carlos Siqueira, também haviam se manifestado pró-federação. Na última segunda-feira, a bancada federal reedita o movimento, acenando, mais uma vez, positivamente ao mecanismo.
Motivo: os tensionamentos recentes referentes às arrumações dos palanques majoritários regionais, sobretudo os de Pernambuco, São Paulo e Rio Grande do Sul, teriam passado a impressão de que a federação teria “subido no telhado”.
Como a coluna antecipara, o PT chegou a emanar incômodo e a acusar o PSB de “dar para trás” na referida costura. O detalhe é que a federação é estratégica para assegurar uma base de apoio firme, capaz de evitar que o ex-presidente Lula, caso eleito, fique refém de um processo de impeachment.
A conta que se faz é que é preciso ter, no mínimo, 171 parlamentares para assegurar essa blindagem. Há quem recorde, nessa articulação, o caso da ex-presidente Dilma Rousseff, que não teve esse apoio mínimo.
Em função disso e da necessidade de partidos como o PSB, o PCdoB e o PT mostrarem-se alinhados nesse quesito, os socialistas repetiram, na última segunda-feira, a reunião para emitir recado não só eleitoral, mas também político.
Contam ainda com a atração de siglas como o PV, PSOL e Rede para federar, a despeito do alerta aceso, nos bastidores, sobre a cultura hegemonista do PT.
Parlamentares envolvidos nas negociações admitem que, nos últimos dias, movimentos feitos em São Paulo e em Pernambuco deram razão ao PT de acender o sinal de alerta.
Como a coluna registrara, o prefeito do Recife, João Campos, em entrevista de balanço à Folha de Pernambuco, afirmou que a ala de Pernambuco estava pronta para ir à disputa mesmo sem federação.
O governador Paulo Câmara, em entrevista de balanço um dia depois, ponderou que, dada a complexidade dos ajustes, podia ser que não desse tempo de consolidar a federação. As falas acenderam um farol. O PT reagiu. O PSB voltou, então, a se reunir, esta semana, ou a por panos mornos na situação.
Em São Paulo, Márcio Márcio França já de posicionava contra a federação. Um recuo maior aos olhos do PT, relatam socialistas, teria vindo de lá. Mas, no PSB, também não se nega que as declarações recentes de João Campos e de Paulo Câmara acabaram gerando um alerta nos petistas, uma vez que Pernambuco costuma ser farol de decisões na legenda.