A confirmação da retirada da candidatura de Marília Arraes ao governo de Pernambuco para formalizar uma aliança com o PSB mexeu diretamente com as estruturas da eleição no estado, tendo um impacto muito forte no desenho da disputa, podendo afirmar, inclusive, que a saída de Marília pode ter sacramentado o resultado da eleição deste ano.
O quadro com Marília garantia a existência de um segundo turno, com grandes chances da petista figurar na segunda etapa com Paulo Câmara. A segunda etapa seria devastadora para o governador, uma vez que a base governista estaria desmobilizada e haveria um risco real de Paulo sair derrotado por ela, que representava a novidade e a mudança no estado.
Armando Monteiro, por sua vez, corria um risco de mesmo com todo aparato político de partidos e apoios, sequer figurar no segundo turno, as pesquisas mesmo sem a certeza da candidatura de Marília, lhe davam uma certa vantagem em relação ao senador, muito provavelmente com a confirmação de Marília, esta vantagem tinha tudo para aumentar, o que seria muito ruim para o projeto petebista no estado.
Sem Marília, a eleição ficou para ser decidida no primeiro turno, numa reedição do que foi a eleição de 2014. Para Paulo Câmara, foi positivo porque possui uma ampla frente política que agora terá ânimo redobrado para o jogo, pois o governador deu uma demonstração de força ao retirar do jogo a sua principal adversária. Isso tem um fator psicológico muito forte pois dá ao governador um sentimento de perspectiva de vitória que pode contaminar apoiadores e ampliar suas chances na disputa.
Já para Armando Monteiro, foi igualmente positivo, pois ele agora terá um jogo mano a mano com o governador, podendo utilizar a fadiga de material do PSB, evidenciando que ele é efetivamente um candidato de mudança para um projeto que já tem doze anos de hegemonia. Apesar do leve favoritismo do governo por causa da máquina, Armando pode, se acertar no discurso e na narrativa, suplantar o atual governador, fato que seria mais difícil com a presença de Marília no jogo.
No fim das contas, os dois pré-candidatos só têm motivos para comemorar, e passada a euforia da saída de Marília, prevalecerá, obviamente, aquele que errar menos e conseguir convencer o eleitor da sua tese, que para Paulo será de continuidade, e para Armando, de mudança, o juízo de valor ficará a critério do eleitor, cada vez mais refratário a política e aos políticos em geral. (Edmar Lyra)