Por Magno Martins
O deputado federal Sebastião Oliveira (Avante), herdeiro político do ex-deputado federal Inocêncio Oliveira (PL), é considerado uma grande liderança numa vasta área do Sertão pernambucano. Tratado como Sebá, pelos amigos da capital, Sebastião foi secretário de Paulo Câmara e conhece como poucos os bastidores da política pernambucana.
Neste último fim de semana, em depoimento exclusivo ao blog do Magno Martins, ele revolucionou a modorrenta sucessão pernambucana. Lançou o discreto e eficiente Zé Neto à sucessão de Paulo Câmara.
Nesta entrevista exclusiva ao jornal O Poder, o deputado detalha os porquês do seu ousado gesto.
O PODER – Qual a sua visão do quadro nacional neste grave momento de pandemia?
Sebastião Oliveira – O Brasil atravessa graves crises: A sanitária repercute profundamente na nossa economia. A institucional e a política são de extrema virulência. Os Poderes nunca estiveram tão desarmônicos. Cito o Judiciário, que legisla, e ninguém se entende. Vejo um cenário de muitas incertezas.
O seu partido é da base de Paulo Câmara, no plano local, e da base de Bolsonaro a nível nacional. Como essa contradição será resolvida em 2022?
O partido discute a candidatura própria nas eleições de 2022: o deputado federal André Janones (Avante/MG)
No último fim de semana, o senhor lançou a pré-candidatura de Zé Neto a governador, pela aliança que apoia Paulo Câmara. Foi uma iniciativa individual, partidária ou reflete uma articulação em curso?
Posicionei-me como porta-voz voz do meu partido, de aliados, de prefeitos, de ex-prefeitos, de vereadores, de deputados estaduais e de diversas lideranças políticas. Não sei se há uma articulação em curso, pois não dialoguei com ninguém do Palácio do Campos das Princesas sobre esse tema.
Quais as qualidades que o senhor vê em Zé Neto para encabeçar de forma viável uma campanha para o Governo?
Zé Neto é detentor de várias qualidades. Assumiu a espinhosa missão de ser o interlocutor político do Governo do Estado com a Assembleia Legislativa, prefeitos, lideranças políticas e secretarias estaduais. O desempenho dele tem sido espetacular e bastante elogiado. É praticamente uma unanimidade no meio político. Preparado, competente, atencioso e suave. Sabe dizer não com ternura. Cumpre o prometido e circula bem, além das fronteiras do PSB e da Frente Popular.
É sabido no mundo político que deputados e prefeitos da base do governo não têm simpatia pela candidatura de Geraldo Júlio. O senhor tem ouvido essas queixas? Levou isso em consideração para optar por Zé Neto?
Considero que Geraldo Júlio foi um bom prefeito. Possui vários predicados. Porém, não conhece os prefeitos, ex-prefeitos e lideranças políticas de Pernambuco. Está à frente da Secretaria Estadual de Desenvolvimento Econômico há quatro meses, e não observo nenhum movimento em direção aos municípios pernambucanos. Onde estão as obras? Não existe diálogo com os prefeitos e com as lideranças políticas estaduais.
Provavelmente, não há convicção do seu próprio futuro político. Em contrapartida, Zé Neto atende diariamente e dialoga com todos que integram o cenário político do Estado. Essa conduta atenciosa tem sido elogiada por vários prefeitos e lideranças políticas. Todos acreditam se tratar de um grande nome para a sucessão do governador Paulo Câmara.
Algo mais que deseje acrescentar?
Tenho a convicção de que, nos momentos de crise, os grandes líderes se forjam. Não é hora de se esconder. É momento de diálogo e ação. Os pernambucanos querem saber o que cada um de nós estamos fazendo no combate à essa crise sanitária, sem precedentes.