Edmar Lyra
O presidente Jair Bolsonaro vive um momento extremamente difícil no tocante ao seu governo, com redução da popularidade a cada mês, e com um ambiente completamente desfavorável. É pouco provável que tenhamos até a eleição do próximo ano uma recuperação econômica que zere a queda do PIB do país e garanta algum tipo de crescimento efetivamente positivo, até porque ainda que tenhamos um avanço significativo da vacinação, não dá para imaginar que antes de dezembro a normalidade volte ao país.
Então iniciaremos 2022 com os efeitos econômicos e sociais da pandemia, que necessitarão do governo uma ampliação da rede de proteção social. Atualmente, cerca de 14 milhões de famílias recebem o programa Bolsa-Família. A nova rodada do auxílio emergencial deverá beneficiar cerca de 45 milhões de pessoas, com valores menores do que os ofertados em 2020, bem como a um alcance menor.
O pagamento deste novo benefício deverá garantir um aumento momentâneo da popularidade do presidente da República, porém tão logo seja cessado, ela deverá novamente cair, haja vista que a população tem o bolso como a parte mais sensível para avaliar qualquer governo.
Diante deste cenário, será preciso que neste ínterim, até concluir as parcelas do auxílio, o governo encontre uma possibilidade de colocar em prática o Renda Brasil, que visa ampliar o valor em relação ao Bolsa-Família, e que poderá ampliar o alcance, ficando num meio termo entre os que recebem o Bolsa-Família e os que estarão recebendo o auxílio emergencial. Se avançar com a questão do décimo terceiro do benefício, que só foi pago em 2019 através de Medida Provisória, o presidente Jair Bolsonaro terá nesta hipótese alguma condição de recuperar parte da sua popularidade e chegar com algum tipo de competitividade. Sem a ampliação do Renda Brasil, e sem o auxílio emergencial, a situação do presidente deverá piorar e ele ficará restrito apenas ao seu eleitorado cativo para buscar a reeleição, o que dificultará muito suas chances de vitória.