Após ser reeleito presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) não comentou a possibilidade de ser um dos políticos denunciados pelo Ministério Público Federal por suposto envolvimento na Operação Lava Jato. Renan encerrou a entrevista que dava após jornalistas questionarem-no sobre o assunto. O nome do peemedebista foi citado pelo ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa em sua delação premiada. “Amanhã nós falamos”, afirmou, dirigindo-se à sala da presidência.
A expectativa é que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, peça a abertura de inquérito e ofereça denúncias ainda este mês. Renan nega envolvimento com o caso.
Confiança
Reeleito para seguir à frente da Presidência do Senado por mais dois anos, Renan Calheiros agradeceu “a renovação da confiança” recebida em votação secreta na disputa contra o Luiz Henrique da Silveira (PMDB-SC).
A vitória apertada foi conseguida por uma diferença de apenas 18 votos. “A disputa agora já é passado e todos os senadores e senadoras ansiamos pelo futuro. Serei o presidente de todos os senadores. Como já demonstrado (na gestão passada), desejo demonstrar meu compromisso com a autonomia do Senado Federal”, disse.
Em seu discurso de candidatura, Silveira havia criticado Renan por de se “vergado” ao Palácio do Planalto para obter vantagens políticas, como a indicação de ministros e executivos de estatais. Por isso, afirmou, colocou o tema na sua fala de agradecimento.
Renan também foi criticado pela forma como conduz o Senado, apontada por Silveira como pouco democrática. “Aqui buscamos o consenso até o limite, sem que ele implique na negação de liderança”, rebateu Renan, após reeleito. “O entendimento nunca será a supressão da vontade de quem pode menos pela força de quem pode mais. Aqui todos podem mais por sermos todos iguais”, disse.
Apesar do tom áspero das respostas, Renan elogiou Silveira “pela correção e espírito publico verificado ao longo da sua trajetória”.
Equilíbrio
Renan disse ainda que renova o poder no comando do Congresso Nacional com “vontade de acertar para corresponder ao crédito” que os senadores e senadoras concederam a ele.
O presidente reeleito do Senado recordou que o PMDB “garante a estabilidade” política do governo da presidente Dilma Rousseff e que “trabalhará (também) pela estabilidade econômica”. Segundo ele, o PMDB “atua pelo equilíbrio de poder e repele qualquer pender hegemônico”.
Ele criticou o “obscurantismo infame nas redes de computadores” ao defender o Estado democrático e defendeu a reforma política como forma de combater os “extremistas que têm desprezo pela democracia”.