O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), será investigado pelos crimes de corrupção passiva, formação de quadrilha e lavagem de dinheiro. Calheiros, que nos últimos dias elevou o tom de críticas ao governo após ser informado que seria alvo de um pedido de inquérito pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, é citado em três processos de investigação abertos nesta sexta-feira por determinação do ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF).
As diversas referências a Renan demonstram, segundo o Ministério Público, que o peemedebista atuava no esquema de corrupção e fraudes em contratos na Petrobras. A força-tarefa de procuradores questiona as doações eleitorais recebidas pelo senador, apontando que várias empresas estavam envolvidas no esquema de corrupção de parlamentares e que elas utilizavam o sistema de doações eleitorais para camuflar o real objetivo das movimentações de dinheiro: o pagamento de propinas.
“Importante destacar que os vultosos valores recebidos por Renan Calheiros, em princípio como ‘doações oficiais’ de várias empresas em que já se demonstrou estarem diretamente envolvidas na corrupção de parlamentares, especialmente em período prévio às eleições, reiterando que uma das formas de pagamento de propinas era exatamente a realização de várias doações registradas oficialmente aos Diretórios dos Partidos, que depois repassavam aos parlamentares”, diz o Ministério Público.
Em outro caso contra o presidente do Senado, o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa informou às autoridades que Renan recebia dinheiro de empreiteiras contratadas pela Petrobras, realizava as negociatas em sua própria casa e recolhia propina da Transpetro, subsidiária da Petrobras então controlada por Sergio Machado, seu aliado. Em 2007, Costa recebeu, por exemplo, 500.000 reais das mãos de Machado em propina na contratação de navios. Nas reuniões de discussão sobre o andamento de projetos na petroleira, Renan e seus correligionários, entre eles os senadores Romero Jucá (PMDB-RR) e Valdir Raupp (PMDB-RO), discutiam obras destinadas às “empresas de interesse dos senadores”, que recompensavam os parlamentares com o pagamento de propina.
De acordo com a acusação, Renan Calheiros e os demais parlamentares tinham consciência absoluta de estarem envolvidos no esquema criminoso na Petrobras. “Os políticos não apenas tinham consciência de que os valores eram provenientes das vantagens indevidas destinadas aos diretores e altos funcionários da Petrobras, mas também atuavam, direta ou indiretamente, para a continuidade do esquema de pagamento de vantagens indevidas, seja pela manutenção dos diretores em seus cargos, seja pela manutenção do cartel de empresas ou, ao menos, pela não interferência em seu funcionamento”, relata o Ministério Público.
Além da acusação de embolsar propina de contratos fraudados na estatal, o atual presidente do Senado e parte da bancada do PMDB na Casa pressionaram para que o ex-diretor da estatal Paulo Roberto Costa permanecesse à frente da companhia para repassar aos parlamentares propina da empresa. O envio de propina era mediado pelo lobista Fernando Soares, conhecido por Fernando Baiano, enquanto o deputado federal Aníbal Gomes atuava como intermediário de Calheiros no esquema criminoso na Petrobras. As comprometedoras revelações contra Renan foram feitas em acordos de delação premiada do doleiro Alberto Youssef e do ex-diretor Paulo Roberto Costa. (Veja)