A primeira pergunta feita por Paulo Câmara, no debate promovido pela TV Clube, foi dirigida ao senador Armando Monteiro, com quem o socialista polariza. O governador quis saber quais projetos o petebista aprovou em favor de Pernambuco em 20 anos como parlamentar. Quando Armando relatou ter, na bagagem, 360 relatorias, das quais 30 se converteram em lei, o socialista devolveu que ele votou a favor da Reforma Trabalhista e da PEC do Teto dos Gastos, “que retira recursos de Saúde e Educação por 20 anos”. A Reforma Trabalhista foi o mote do maior embate entre Paulo e Armando ao longo desse campanha. A disputa foi parar no TRE. O socialista centrou fogo, enquanto a aliança do petebista condenou a abordagem, denunciando “mentiras”. Na coligação Pernambuco Vai Mudar, não se nega que a questão foi o “o tiro mais forte que os adversários tinham para dar”.
Avalia-se, no entanto, que a munição foi despejada toda de uma vez. Ontem, em seu guia eleitoral, Armando defendeu-se: “Nunca votei contra os trabalhadores”. A Frente Popular bate nessa tecla. Coincidência ou não, ontem, pesquisa Datafolha apontou Paulo Câmara oscilando três pontos para cima, foi a 38% (tinha 35%). Armando oscilou um para baixo, ficou com 30% (tinha 31%). Na amostra anterior, a diferença entre os dois era de quatro pontos. Na atual, a vantagem do socialista transformou-se em oito pontos. Se a rejeição de Paulo Câmara manteve-se em 31% (era 31% ), a de Armando foi a 30% (era 23%). A elevação da rejeição do petebista conta para a campanha de Paulo Câmara como sinal de que a estratégia de “bater” no voto dele a favor da Reforma Trabalhista fez efeito. Entre aliados de Armando, prevalece a seguinte leitura: dado o volume de ataques sofridos pelo petebista, o fato de Paulo só ter oscilado foi visto como positivo. Ontem, os dois ocupavam púlpitos vizinhos no debate, mas nem se olharam. (Renata Bezerra de Melo)