O afastamento entre o deputado federal reeleito Felipe Carreras (PSB) e a Frente Popular é um fato. Começou na pré-campanha, quando o socialista teve seu espaço no governo reduzido para acomodar aliados – ele comandou a Secretaria de Turismo, Esportes e Lazer. A distância intensificou-se na campanha. Felipe só participou de um ato ao lado do governador Paulo Câmara (PSB) e do prefeito Geraldo Julio (PSB): a inauguração do seu próprio comitê, uma super estrutura montada na área mais bem movimentada do Parnamirim, ao lado do espaço da majoritária, por sinal.
O foço na relação entre as partes se manteve após a reeleição de Paulo Câmara em primeiro turno. O pano de fundo é a disputa pela vaga de candidato do grupo na sucessão de Geraldo, em 2020. A “vez” de Felipe Carreras – cujo projeto de comandar a PCR nunca foi segredo – pode ir para João Campos (PSB), federal eleito com a maior quantidade de votos da história, e filho do ex-governador Eduardo Campos, líder maior de todos os atores envolvidos nesse processo.
João Campos só não será candidato se não quiser. Esse é o consenso no núcleo de comando da Frente popular.
Caso o filho de Eduardo opte por não concorrer, Felipe volta ao páreo. Por isso, uma força-tarefa já foi montada para trazê-lo de volta. O grupo reconhece a contribuição do deputado na construção da hegemonia estadual e quer tê-lo no time para o futuro, independente da PCR. Geraldo Julio, amigo de Felipe, entrou no circuito para reconstruir as pontes. Tem a ajuda de Antônio Figueira na tarefa. As conversas, no entanto, estão meio que em banho-maria. Mas há interesse de ambas as partes – os gestos precisam vir dos dois lados.
Em paralelo, Felipe Carreras centra esforços para se consolidar como um ator forte. Tem serviços prestados à capital pernambucana, é verdade. Coordenou a implantação da ciclofaixa e das academias Recife, no primeiro governo de Geraldo, de quem foi secretário. Na gestão de Paulo, tocou a requalificação do Santos Dumont, em Boa Viagem, a ajudou a trazer voos importantes para o Aeroporto dos Guararapes, entre outras coisas. É articulado com diversos segmentos da sociedade e da política recifense – teve o apoio de muitos vereadores este ano. Quer viabilizar-se independente da Frente Popular. (Por Arthur Cunha – especial para o blog do Magno)