Folha de Pernambuco
Nos últimos dias, rumores de que o PMDB poderá lançar candidatura própria à Prefeitura do Recife, em 2016, tendo o deputado federal Jarbas Vasconcelos como cabeça de chapa, tomaram conta da Capital. Publicamente, o parlamentar ainda não se pronunciou sobre o tema. Mas, não chega a negar a possibilidade, aumentando o suspense. Assumindo, hoje, o comando da legenda no Estado, o vice-governador Raul Henry deixou no ar, ainda mais, a possibilidade desse projeto partidário se consolidar.
Nesta entrevista à Folha de Pernambuco, ele admite que, apesar de manter uma aliança sólida no plano estadual com o PSB, “cada realidade municipal é uma realidade à parte”, o que abre brechas para uma eventual candidatura no Recife. O vice-governador fala também sobre o apoio à candidatura do deputado estadual Ricardo Costa, em Olinda; os desafios de liderar as articulações das PPP’s no Estado e a representatividade do seu correligionário e presidente da Câmara Federal, Eduardo Cunha.
PMDB
Em primeiro lugar, quero abrir minha resposta fazendo uma homenagem justa ao presidente Dorani Sampaio, que é uma pessoa que dedicou os últimos 25 anos da vida dele ao PMDB. Ele, praticamente, transformou o partido na sua razão de existir, de fazer política. Agora, vamos começar uma nova fase, é natural. Nesses dois meses e meio, até o final de setembro, será um período de muita movimentação partidária e no final de setembro encerra-se o prazo de filiação e nós temos recebido muitos pedidos. Há um fenômeno muito interessante acontecendo com o PMDB. Nós ficamos na oposição a Eduardo Campos durante oito anos e o governo dele era politicamente forte. E o PMDB ficou reduzido, porque Eduardo tinha uma aliança muito ampla e as pessoas tinham várias alternativas para se filiarem em vários partidos. Hoje, o PMDB no Estado é uma legenda muito interessante. Por que, além de ser uma legenda que tem uma bela história e tem a simpatia do eleitor, é uma boa referência no imaginário do eleitor. É um partido que fez o combate à ditadura e Jarbas foi um grande governador em Pernambuco. Antes, as pessoas não queriam se filiar para não ficar na oposição. Atualmente, é uma romaria de gente para se filiar, para disputar a eleição municipal e nós queremos ser criteriosos nisso. Nós queremos pessoas que possam assumir um compromisso com o partido, de ter vida partidária. De numa eleição estadual poder estar junto com o partido, dos candidatos a deputados da legenda. Queremos crescer de maneira criteriosa, com qualidade, que seja um partido que tenha vida orgânica, para não ser um partido inchado.
Continua…
EDUARDO CUNHA
Indiscutivelmente, Eduardo Cunha é uma liderança. Eu considero equivocada a atuação dele como presidente da Câmara dos Deputados, mas ele é um nome dentro do partido. Com toda a história que é vista de maneira muito crítica pela opinião pública, Renan Calheiros também é um nome do partido. Agora o partido tem o Rio Grande do Sul, com Pedro Simon, tem Jarbas Vasconcelos aqui. O PMDB nacional vai continuar diferente do PMDB estadual, porque o PMDB nacional é uma federação de partidos estaduais. Temos sessões estaduais que têm um perfil muito parecido com o de Pernambuco. O Paraná, o Espírito Santo, o Mato Grosso do Sul. São bancadas que junto conosco, por exemplo, votaram contra a aliança com o PT na convenção nacional. Na última convenção do PMDB, a votação foi 59% a favor da aliança com o PT, e 41% querendo o rompimento com o PT. E foram esses estados que alinharam conosco com essa proposta.
DILMA OU CUNHA?
Eu acho que o Brasil tem outras opções. A experiência do parlamentarismo, que funciona muito bem na Europa, mas não há nenhum exemplo na América Latina, de um país parlamentarista. Na América Latina, geralmente, há uma tendência pelo presidencialismo, pelas grandes lideranças de massa, que são os presidentes das repúblicas. E eu não vejo o parlamentarismo como uma saída, sobretudo em um ambiente em que estamos vivendo. Pode parecer uma saída casuística e o Brasil já se pronunciou sobre isso através do plebiscito.
ALIANÇAS
Eu defendo que cada realidade municipal é uma realidade à parte. Cada caso é um caso. Nós temos um caso clássico, que é o prefeito Flávio Gadelha, em Abreu e Lima, que apoiou um candidato do PT, na época, porque era uma aliança que o PMDB local achava que era a melhor aliança. Evidentemente, que nós conversamos como partido. Nós queremos agora ter uma vida mais orgânica, conversar com os diretórios municipais, pois a opinião dos diretórios deve ser respeitada. Cada caso é um caso.
PMDB X PSB 2016
Pode haver em vários municípios do Estado que o PSB tenha um candidato e o PMDB tenha outro. Nós não vemos nenhuma dificuldade nisso. Mesmo naqueles em que o PSB governa, como também nos municípios em que o PMDB governa. Petrolina é um caso típico. Isso é uma coisa conversada, uma coisa entendida. Não é só o PMDB que está nessa situação, outros partidos da aliança estadual também vão ter candidatos. O PR vai ter candidato, o PDT, PSD e em muitos municípios em que o PSB também vai ter candidato. Então, todos nós compreendemos isso.
RECIFE
Jarbas já respondeu essa pergunta antes de mim e vou repetir o que ele disse. Eu acho que é uma discussão fora de hora. Ele próprio falou que nunca iria desmentir o que tivera afirmado e que nós vamos discutir esse assunto na hora certa. Eu achei, inclusive, equivocada a leitura de que o encontro de Jarbas com (Geraldo) Alckmin, em São Paulo era para tratar de eleição municipal. Conhecendo Jarbas como eu conheço, ele jamais, em um momento de turbulência no Brasil, em todos os setores da vida nacional, Jarbas não iria conversar com o governador do maior estado do País para falar de eleição municipal. Ele não negou, nem afirmou para não revelar o conteúdo da conversa que ele teve.
OLINDA
Eu tenho conversado sobre Olinda, conversei essa semana com a ex-deputada Jacilda Urquiza. Fui muito claro com ela. Quando convidamos o deputado estadual Ricardo Costa a se filiar no PMDB, nós assumimos esse compromisso político de apoiar uma candidatura dele em Olinda. Ele foi uma pessoa muito solidária conosco, fazendo dobradinha com Jarbas aonde pôde fazer e nós temos com ele esse compromisso político. Agora, as conversas sobre Olinda ser darão no momento certo também. A questão da direção municipal de Olinda, se a gente vai ter uma conversa como PSB para ver se vamos ter uma aliança ou não, isso tudo acontecerá no momento certo, no ano de eleição.