Correio Braziliense– O vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, anunciou, na última quinta-feira (25), uma redução no valor de venda de automóveis zero quilômetro. Para especialistas, a medida pode ter como resultado um aumento nas vendas de automóveis no país, embora não contemple toda a cadeia envolvida no setor. +-A medida será feita por meio de um desconto no Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e deve resultar em reduções de 1,5% a 10,79%, de acordo com critérios de preço, eficiência energética e densidade industrial no país.
Desde o início da pandemia de covid-19, a indústria de automóveis vem sofrendo para se recuperar de diversas intercorrências, como a crise na fabricação de chips e consequente falta de componentes de produção. Por isso, o anúncio do governo federal tem um efeito positivo na expectativa de diversas frentes do mercado. Para o presidente da Federação Nacional das Associações dos Revendedores de Veículos Automotores (Fenauto), Enilson Espínola Sales de Souza, “favorecer a indústria e, consequentemente, o comércio de carro zero km é muito importante. Por outro lado, a Fenauto espera que o governo olhe também para os revendedores de seminovos e usados, de modo a contribuir com a cadeia como um todo”, afirma. Ele lembra que, em um futuro próximo, esse impacto também poderá ser sentido no subsetor de seminovos na mesma categoria que está sendo contemplada agora, a de veículos mais baratos.
Medida pode reduzir taxa de desemprego
De acordo com a economista e professora do curso de Economia da Universidade Positivo (UP), Adriana Ripka, esse é o tipo de medida que pode contribuir para a recuperação econômica do país, gerando empregos, por exemplo. “A discussão feita pelo governo com representantes do setor de automóveis levantou uma série de possíveis medidas que não se resumem a reduzir os preços dos carros ditos populares, mas também a viabilizar o acesso a eles pela população menos favorecida por meio do crédito”, detalha. Esse movimento busca claramente uma retomada do setor. “De forma geral, as possibilidades mencionadas giram em torno de três questões principais: sociais, de eficiência energética e de densidade industrial”, completa.
Ela avalia que, em conjunto, essas medidas podem trazer formas diversas de aquecimento da economia, visto que dão estabilidade aos trabalhadores já contratados por essa indústria e, ao mesmo tempo, criam novos empregos. De fato, depois do anúncio feito pelo governo federal, três montadoras confidenciaram à Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) que desistiram dos layoffs que estavam previstos. A afirmação foi feita pelo presidente da entidade, Márcio Lima Leite, durante o Dia da Indústria, celebrado na semana passada.