Por Lara Tôrres/Diário de Pernambuco – Após uma reunião virtual realizada na terça-feira (15) pela Comissão Executiva do PT de Pernambuco, foi realizada, na manhã desta quarta (16), uma reunião entre membros do Partido dos Trabalhadores e o governador Paulo Câmara (PSB), com o objetivo de oficializar a união do partido à Frente Popular – bloco partidário liderado pelo PSB de Câmara. Além disso, outro ponto importante estava na mesa: o PT reafirma seu pleito para ter a decisão de quem será indicado na chapa para a disputa pelo Senado.
O encontro com o governador foi feito por uma comissão eleitoral formada pelos deputados estaduais Doriel Barros (também presidente estadual do partido) e Teresa Leitão, junto ao dirigente do partido, Oscar Barreto.
Embora esteja pleiteando o direito a realizar a indicação, o PT ainda não “bateu o martelo” sobre quem seria a pessoa indicada para concorrer, mas nos bastidores fala-se nos nomes da própria Teresa Leitão, da deputada federal Marília Arraes e do também deputado federal Carlos Veras.
Em entrevista concedida ao Diario de Pernambuco, a deputada Teresa Leitão declarou que desde sua primeira conversa com Paulo Câmara sentiu que Danilo Cabral seria a escolha do PSB para apresentar à Frente Popular, e que diante dessa concessão – visto que o PT anunciou o senador Humberto Costa como pré-candidato, mas recuou, cedendo a indicação ao PSB – e que o pleito pelo Senado seria levado adiante após nova deliberação interna no PT.
“O que a gente vai solicitar é a vaga do Senado. Tem outros postulantes, mas a gente vai se credenciar, considerando a importância de ter um petista na majoritária e acho que a gente ajuda mais Danilo se estiver no senado que na vice, chama mais votos, pois ninguém vota em vice. Vai votar no candidato E o Senado você pode chamar tanto para Lula como para o governador. Vamos colocar isso na mesa, e ver se tem êxito”, disse a deputada, ainda na terça-feira (15).
Como já foi citado, Teresa Leitão é um dos nomes cotados no meio político para ser indicada ao Senado, caso o pleito do PT alcance o resultado desejado. Contudo, até o momento, ela trabalha com a perspectiva de ser candidata à Câmara dos Deputados.
“A governabilidade que tenho é sobre minha candidatura a deputada federal. Se entrar na roda da majoritária, aí eu vou deixar, para ver o que é melhor pro projeto. Espero que o PT escolha o que é melhor, se é o meu nome, se é o de Marília, de Carlos Veras”, afirmou a parlamentar.
Outros postulantes
A Frente Popular tem apenas uma vaga em seu bloco para candidaturas ao Senado Federal, fato que torna a decisão difícil, diante do alto número de partidos envolvidos no processo, há muitos nomes no meio político pernambucano que estão “de olho” no posto.
Também na última terça (15), o governador Paulo Câmara esteve reunido com o secretário estadual do Trabalho, Emprego e Qualificação de Pernambuco, Alberes Lopes, e com diversos presidentes de partidos aliados, o que incluiu na agenda de reuniões – coincidentemente ou não – alguns dos principais interessados em concorrer ao Senado, como André de Paula (PSD) – que já declarou não estar interessado no posto de vice-governador -, Sílvio Costa Filho (Republicanos), Wolney Queiroz (PDT) e Eduardo da Fonte (PP).
De acordo com o secretário Alberes Lopes, durante a reunião foram tratados projetos de sua pasta e a pré-candidatura de Danilo Cabral, recém-apresentada pelo PSB aos seus pares, em busca de apoio da Frente Popular. O secretário afirma ainda que Paulo Câmara decidiu que trataria sobre temas de escolha do nome para o Senado e vice-governadoria “num segundo momento”, ao que Wolney Queiroz declarou que, se for convidado para a vaga, está à disposição.
Ao Diario de Pernambuco, Wolney Queiroz confirmou que Paulo Câmara deixou o debate sobre o Senado para depois. Além disso, o deputado confirma que o governador afirmou que na semana que vem, o nome de Danilo deverá ser anunciado formalmente como candidato da Frente Popular.
“Participamos eu e Sileno Guedes [presidente estadual do PSB]. O governador disse que está cumprindo o ritual de comunicar oficialmente que o candidato escolhido pela unidade do PSB foi Danilo Cabral e que a partir de agora estamos juntos. Que mais à frente seria decidido sobre o Senado e vice. Disse que semana que vem anunciaria [a candidatura de Danilo oficialmente], para que a gente esteja no evento de anúncio, vendo ainda o formato para não gerar aglomeração”, afirma o parlamentar.
Wolney ainda acrescenta que ouviu seus colegas que também almejam a vaga ao Senado, mas que a resposta sobre a discussão ser feita posteriormente se repetia. “Consultei os outros, falaram que ele também não tocou no assunto. Vice e Senado não entrou nem na porta da discussão”, disse ele.
“Não adianta inventar candidato a senador”
Uma fonte não identificada, membro de um dos partidos que compõem a Frente Popular, decidiu falar sobre a condução do processo de definição do nome indicado ao Senado. Na visão desta pessoa, “a coisa afunilou e acho que está entre Wolney Queiroz e André de Paula. Silvinho [Sílvio Costa Filho] acho que já jogou a toalha, e Dudu [Eduardo da Fonte] nunca foi para valer”, disse em reserva.
Diante da pergunta acerca da participação do PT na composição da chapa, declarou crer que o Partido dos Trabalhadores levará a indicação de vice-governador(a). Fontes do PT e o próprio Lula, no entanto, já demonstraram não ter interesse no posto – por isso, seguem buscando o Senado.
“Acho que o PT vai para a vice. Essa perspectiva não é só minha, é geral nos bastidores. Na verdade, o PT não tem quem indicar ao Senado, sejamos claros. Vamos fazer uma avaliação: não é só formar chapa, você tem que ganhar eleição. Não adianta uma chapa que atenda ao PT e a partido tal e tal se não ganhar a eleição. Não adianta inventar candidato a senador, não. E vai ser uma eleição dura”, disse sob condição de anonimato.
A fonte em questão destacou ainda um detalhe a respeito das estratégias eleitorais da Frente Popular em 2022: o lugar de origem de cada possível candidato(a), diante do fato de que na oposição, dois possíveis candidatos ao governo têm seus maiores redutos eleitorais no Agreste e no Sertão de Pernambuco.
“Raquel Lyra já tem avisado aos mais próximos que vai deixar a prefeitura. Não vai ter nenhum representante do interior na chapa de Paulo? Joaquim Francisco disputou com representante do Agreste, Arraes, Eduardo, duas vezes. Caruaru vai ser o centro da batalha eleitoral, por isso estou falando, tem que ganhar a eleição. Não é só Raquel, também tem Miguel, que é do Sertão. Vai pesar, uma chapa pura de Região Metropolitana resolve? A questão é essa”, disse o “insider”.