O governador Paulo Câmara ainda não arquivou o projeto de contar com o PT em sua chapa, mas as últimas conversas havidas em Brasília indicam que esta aliança não se consumará. Bem verdade que o PT ainda não descarta a hipótese de afastar a vereadora Marília Arraes da disputa pelo governo estadual, mas exige do governador aquilo que ele não pode garantir: o apoio formal do PSB ao candidato petista à Presidência da República, seja ele Lula ou outro qualquer. Paulo Câmara é um dos vice-presidentes nacionais do PSB e sabe por experiência própria que seu partido é assemelhado ao MDB: em cada estado tem um dono, a começar por São Paulo, mais importante unidade da federação, cujo governador, Márcio França, histórico secretário de finanças do partido, tem Geraldo Alckmin como primeira opção e Ciro Gomes como segunda no futuro pleito presidencial. Sendo assim, cada qual seguirá o seu caminho.
O governador tem que utilizar agora suas energias para evitar defecções em sua ampla frente partidária e o PT tem que dar condições a Marília Arraes para botar o seu bloco na rua, já que até a presente data só fez atrapalhá-la. Ao não assumir oficialmente sua candidatura, deixou-a com as mãos atadas para costurar alianças e iniciar conversações para a montagem da chapa. A consequência desta não aliança é que o senador Humberto Costa não será candidato à reeleição na chapa da Frente Popular. Poderá sê-lo na de Marília, mas já declarou que não tem interesse por entender que o PT não tem estrutura para vencer uma eleição majoritária em Pernambuco.(Inaldo Sampaio)