Partido hegemônico no Brasil há quatro eleições presidenciais, o Partido dos Trabalhadores sofreu no último domingo sua primeira derrota eleitoral em disputas nacionais desde 2002 quando ascendeu ao Palácio do Planalto com Lula. Antes da eleição de Jair Bolsonaro neste domingo, o PT enfrentou uma série de problemas, primeiro a vitória apertadíssima de Dilma Rousseff em 2014 que deu a sensação de país dividido e deixou a presidente fragilizada para o seu segundo governo.
A operação Lava-Jato, iniciada em 2014, foi derrubando um a um entre petistas importantes, culminando na prisão do ex-presidente Lula em 2018. Antes disso, tivemos o impeachment de Dilma Rousseff em 2016 que deixou o país em sua maioria contrário ao PT. As eleições municipais foram suficientes para praticamente varrer o partido do mapa, sobretudo nas capitais onde o PT teve um desempenho pífio.
Quando todo o enredo se voltou contra o PT, muitos davam o partido como carta fora do baralho e apostava-se que a sigla não sobreviveria as eleições deste ano. Porém, o resultado foi absolutamente diferente. As urnas deste ano garantiram 56 deputados federais eleitos, tornando-se a maior bancada da Câmara dos Deputados, ficando com seis senadores e quatro governadores. Além do mais, Fernando Haddad, substituto de Lula na disputa presidencial, com poucos dias de campanha, ficou com 47 milhões de votos no segundo turno.
Mesmo com a derrota, o PT segue hegemônico na esquerda, sendo o maior partido do Brasil e o principal antagonista do governo Bolsonaro. De quebra, forjou em 2018 uma jovem liderança que poderá falar para o futuro do Brasil. Estando na oposição, o PT fará o que sempre soube com maestria que é contestar governos adversários, e terá fundamental importância na fiscalização do governo Jair Bolsonaro.
O PT fortalecido é sinal de que o presidente Jair Bolsonaro não terá vida fácil, pois terá uma oposição firme e contundente que ajudará a colocar limites em qualquer arroubo do presidente. A volta do PT para a oposição, a alternância de poder, e a manutenção do espaço do Partido dos Trabalhadores são absolutamente salutares para a nossa jovem democracia. (Edmar Lyra)