Diário de Pernambuco – Na última terça-feira (1º), a executiva estadual do Partido dos Trabalhadores (PT) se reuniu em sua sede, no Recife, para discutir o futuro da legenda na atual conjuntura política de Pernambuco. Antes mesmo da reunião, já era sabido que uma das principais – se não a principal – pautas seria a concretização da ida da sigla para a oposição ao Palácio do Campo das Princesas, comandado por Raquel Lyra (PSDB).
A portas fechadas, a única lacuna em aberta era o tom que seria dado no posicionamento – se a oposição seguiria de forma mais ferrenha e combativa, ou se seria “responsável” e crítica. O deputado estadual e presidente do PT em Pernambuco, Doriel Barros, avisou a esta reportagem, minutos antes da plenária do partido, que nenhum dos membros concederia entrevista até que a decisão fosse chancelada pelo diretório estadual da legenda. De acordo com o parlamentar, o martelo será batido amanhã (5).
Água e óleo
Um dia após a reunião, a nacional do PSDB anunciou, em nota oficial, o distanciamento total do PT e do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “O PSDB não fará parte do atual governo federal comandado pelo PT, em cargo nenhum e sob nenhum pretexto. Respeitamos o presidente Lula. Ele é o presidente do Brasil”, comunicou a sigla por meio de um pronunciamento via redes sociais. Assim como água e óleo, os partidos não devem misturar os grupos políticos pelos próximos quatro anos.
Alepe
Com o embarque do PT na oposição, a Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) tem agora quatro partidos em discordância com a atual gestão. Já estiveram contra a atual gestora Raquel Lyra o PCdoB, o PSol e o PSB. Levando em consideração a soma dos deputados estaduais das legendas, o governo tem agora 18 parlamentares opositores, de um total de 49.
Repercussão
O presidente estadual do PSB, Sileno Guedes, não quis comentar o assunto. A assessoria afirmou que o partido não deve se manifestar sobre a decisão do PT. Já a líder da oposição na Alepe, Dani Portela (PSol), demonstrou entusiasmo com o crescimento da bancada. “A oposição sempre esteve de braços abertos para receber os partidos. Quando se trata de um partido aliado, como é o caso do PT, nós ficamos particularmente felizes. Somos do mesmo campo político e fazemos parte da base do governo Lula, então é natural que haja esse alinhamento na defesa das pautas que são comuns a nós”, declarou ao Diario de Pernambuco.
Federação
O posicionamento do PT pode afetar o elo entre as siglas da federação, formada ainda pelo PV e o PCdoB. Em nota, o Partido Comunista do Brasil afirmou que segue em consonância com a oposição à gestão de Raquel Lyra. “Não há novidades na posição do PCdoB, que desde o início da gestão se colocou como oposição. Durante a campanha, o partido apoiou outras duas candidaturas – Danilo [Cabral, do PSB] e, depois, Marília [Arraes, do Solidariedade]. E de lá pra cá, o posicionamento tem sido de uma crítica responsável ao governo”, reforçou a legenda.
O enfraquecimento da aliança poderia vir pelo PV, que conta com dois deputados na Alepe: Gilmar Júnior e Joaquim Lira. O primeiro tem feito diversas críticas à governadora, principalmente sobre o piso dos profissionais da enfermagem. O segundo, entretanto, tem se mostrado aliado de primeira hora de Raquel. “O PT tomou uma decisão que tem o nosso respeito. Entretanto, essa decisão não obriga, por consequência, necessariamente, os demais partidos da federação a seguir pelo mesmo caminho”, afirmou Joaquim Lira, com exclusividade ao Diario.
Presidente estadual do PV, o deputado federal Clodoaldo Magalhães reforçou que o partido adotará a oposição, mas dará liberdade para que os parlamentares se posicionem. “Nós não temos, internamente, nenhuma conduta de cerceamento ou histórico de policiamento de posições partidárias. Vamos acompanhar cada ação, cada proposta da governadora Raquel Lyra e aprovar aquilo que for importante para o povo pernambucano”, pontuou.