Do Poder360 – A lei no Brasil permite que prefeitos troquem de partido. Dessa forma, há duas maneiras de uma sigla ganhar o comando de cidades: vencendo nas urnas ou cooptando prefeitos insatisfeitos e que estejam dispostos a mudar de legenda.
Depois das eleições municipais de 2020, o PSD (Partido Social Democrático) foi o que mais cresceu fora das urnas. A sigla que tem como presidente nacional o político paulista Gilberto Kassab, 64 anos, elegeu 660 prefeitos em 2020. Em novembro de 2023, já estava com 968 prefeituras.
Agora, em 2024, retrocedeu: conquistou 882 cidades (número que pode aumentar um pouco depois do 2º turno, marcado para 27 de outubro). Tornou-se a agremiação partidária com maior número de cidades –ultrapassando o MDB, que foi durante décadas o 1º colocado. Só que está menor do que há 1 ano.
O cálculo de crescimento do PSD e de outros partidos (de 2020 para 2024) não é o único que pode ser feito. Quando se consideram os prefeitos que várias siglas cooptaram nos últimos 4 anos, a sigla de Kassab encolheu agora nas urnas. Na lista dos 5 maiores partidos em número de prefeitos, só o PSD ficou menor nos últimos 12 meses.
Em novembro de 2023, o Poder360 fez um amplo levantamento sobre quantos prefeitos cada um dos partidos políticos tinha naquele momento. Trata-se de estudo de difícil execução, pois é necessário checar cidade por cidade –não há uma lista consolidada e atualizada na Justiça Eleitoral.
Na lista dos 5 maiores partidos, só o PSD perdeu prefeitos de 2023 para 2024. Legendas grandes como MDB, PP, União Brasil e PL seguiram crescendo –de 2020 para 2023 (cooptando prefeitos) e, depois, de 2023 para 2024 (melhorando o desempenho nas urnas).
O Partido dos Trabalhadores, sigla do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, teve uma trajetória ascendente nos últimos 4 anos –ainda que a legenda esteja longe de seu desempenho passado, como quando em 2012 elegeu 635 prefeitos. O PT elegeu só 182 em 2020. Passou para 227 em 2023. Nas urnas, em 2024, foi a 248.
PSD E PSDB
O PSD se beneficiou de um fenômeno registrado na política brasileira: a “débâcle” do PSDB. O partido dos tucanos teve seu auge nos anos 1990 e parte da década de 2000. Em 1994, elegeu Fernando Henrique Cardoso presidente da República e os governadores de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Por essa razão, chegou a eleger na casa de 1.000 prefeitos na virada do milênio. Nos últimos 24 anos, foi ladeira abaixo.
Os 531 prefeitos eleitos pelo PSDB em 2020 desidrataram para apenas 345 em novembro de 2023. A sangria continuou acelerada. Foi nesse período que Gilberto Kassab pescou os prefeitos que engrossaram o PSD, sobretudo no Estado de São Paulo, berço dos tucanos.
Ex-vereador paulistano, ex-deputado estadual, ex-deputado federal, ex-prefeito de São Paulo (de 2006 a 2012) e ex-ministro de Estado (de diferentes governos), Kassab se dedica exclusivamente a construir seu partido –lançado em 13 de abril de 2011, num auditório da Câmara dos Deputados, quando foi assinada a ata de fundação da legenda. Kassab não disputa eleições desde 2014, quando tentou ser senador por São Paulo, sem sucesso. Sua vida política é circunscrita a fazer o PSD crescer.
O Partido Social Democrático elegeu apenas 66 dos 645 prefeitos de São Paulo em 2020. Em maio de 2024, já estava com 312 cidades paulistas. Caiu para 205 prefeitos no Estado agora nas urnas, mas ainda tem um crescimento expressivo em relação há 4 anos.
MAIOR DO BRASIL
Apesar do revés nas urnas em relação ao número de prefeitos que tinha há 1 ano e também em maio de 2024, o PSD desbancou nos últimos anos o MDB e se tornou o partido com mais cidades governadas no Brasil. Foram 882 candidatos vitoriosos da sigla no 1º turno ante 856 dos emedebistas.
O MDB ocupava o topo do ranking de prefeitos eleitos no Brasil pelo menos desde 2000. Agora, perde o status. Conquistou 63 prefeituras a mais que em 2020, mas caiu uma posição no ranking.
O PT (Partido dos Trabalhadores) emplacou 248 nomes nos executivos municipais. A legenda do presidente Luiz Inácio Lula da Silva fica em 9º lugar na lista. Elegeu 66 prefeitos a mais na comparação com 2020.