Sem apresentar o candidato sucessor a Paulo Câmara, a única saída do PSB é estruturar a federação com o PT para continuar no Governo de Pernambuco. Do interior galopam os prefeitos e ex-filiados, Miguel Coelho (DEM) e Raquel Lyra (PSDB), que eram destaque no projeto de renovação do partido, mas não foram recompensados e hoje se alinham na oposição.
Consolidado desde 2007 em seu principal colégio eleitoral, o PSB confia que a robustez da Frente Popular dá margem para que seu candidato seja lançado de última hora, ou o brilho da herança de Eduardo Campos de fato esfriou.
Momento de reorganização
O doutor em Ciências Políticas e professor da UNAMA, Rodolfo Marques, comentou sobre a perda de espaço da sigla, que hoje se mostra “bastante dividida”. Por outro lado, ele lembrou que o PSB ainda é o grupo político mais relevante de Pernambuco, não à toa se consolidou na Prefeitura do Recife apesar da diferença mínima para a concorrente Marília Arraes (PT). “Eu ainda não aponto uma perda de protagonismo do PSB em Pernambuco. Eu vejo essa mobilização como um processo de ‘rearrumação’ de forças”, descreveu.
Ex-filiados na oposição
As divergências do partido foram expostas com a saída de figuras promissoras da ala jovem, que foram preteridas pelo projeto de erguer o caçula João Campos. Ainda que toda partida traga consequências, quem deixou o PSB por ingratidão obteve resultados políticos mais valiosos, como a própria Marília, eleita ao Congresso, e os prefeitos de Petrolina, Miguel Coelho (DEM), de Caruaru, Raquel Lyra (PSDB).
Atenta à apatia da Frente Popular na disputa ao Governo, a dupla de gestores do Interior constrói aos poucos suas campanhas baseadas em um movimento ‘vira voto’ com a conquista do apoio das Prefeituras do PSB espalhadas pelo Agreste e Sertão.
Nova aliança com o PT
Com as eleições batendo à porta, mesmo sob pressão, o PSB não tem prazo para definir o nome que deve levar às urnas. Sem quadros identificados com os eleitores, Marques acredita que o partido deva aproveitar a popularidade do ex-presidente Lula (PT).
Para se reaproximar do partido e remediar as rusgas deixadas pelo embate entre os primos João Campos e Marília Arraes na disputa de 2020, o petista foi recebido no Palácio do Campo das Princesas, onde se reuniu com a alta cúpula do PSB na sua última visita a Pernambuco.
Ainda que o diretório do PT esteja aquecido em torno da participação do senador Humberto Costa (PT), o PSB vai reivindicar seu domínio. No entanto, até fechar a federação, a legenda deve permanecer silenciosa. “Vai passar essa decisão do PSB sobre essa aliança com o PT, e o PSB reivindicando a cabeça de chapa”, detectou o estudioso.
Com o risco de ser derrotado “em uma carreira solo”, cabe uma avaliação interna de “quanto o PSB vai perder ou quanto ele vai conseguir manter ainda de representatividade [ao término das eleições]”, acrescentou.
Geraldo Julio longe de ser unanimidade
Uma capacidade já reconhecida do PSB é a assertividade na fabricação de candidatos com perfil fora da política. O próprio Paulo Câmara pode ser considerado um quadro de sucesso, junto com o ex-prefeito do Recife Geraldo Julio, que ainda causa questionamento nos bastidores sobre ser escolhido como o sucessor do Governo. “É um nome bem importante dentro da trajetória do PSB, [mas] Geraldo Julio realmente perdeu protagonismo, perdeu espaço”, avaliou Marques, que não vê comoção pela sua candidatura.