A semana que se passou trouxe muita expectativa e especulação sobre o futuro da Frente Popular nas eleições de outubro. Iniciou com a dura declaração da ministra Ana Arraes criticando frontalmente João Campos, o virtual nome do PSB para a disputa, e encerrou com a declaração do senador Jarbas Vasconcelos defendendo a candidatura própria do MDB a prefeito do Recife sob a liderança de Raul Henry.
A declaração não foi bem recebida pelo PSB, uma vez que o governo se considera credor da eleição de Jarbas Vasconcelos para o Senado e de Raul Henry para deputado federal em 2018. Os governistas entendem que sem o apoio de Paulo Câmara e do PSB, Jarbas e Raul poderiam ter perdido o MDB e até mesmo seus respectivos mandatos na eleição passada, e por isso cogitar candidatura própria a prefeito é ingratidão ou barganha com o PSB.
Setores governistas em reserva acreditam que Jarbas e Raul estariam de olho em valorizar o passe deles e ampliar o espaço nas gestões do PSB, mais do que isso, garantir a vice na chapa encabeçada pelo PSB na disputa em outubro e por isso as declarações de Jarbas. Eles também apostam que Raul Henry não teria coragem de disputar novamente a prefeitura do Recife porque nunca foi afeito a correr riscos na política, e a avaliação é que uma derrota de Henry este ano seria encurtar a sua carreira política, quando o deputado pode renovar a aliança com o PSB e garantir as condições de reeleição em 2022.
Socialistas relembram o resgate político que Eduardo Campos fez a Raul Henry e a Jarbas Vasconcelos, o primeiro não tinha votos para se reeleger federal em 2014 e foi ser vice-governador de Paulo Câmara, enquanto Jarbas havia sido derrotado em 2010 de forma acachapante por Eduardo e já estava prestes a receber a extrema-unção política quando foi ressuscitado pelo ex-governador, primeiro para ser deputado federal em 2014 e depois para ser senador na chapa de Paulo Câmara em 2018. (Edmar Lyra)