Integrantes do Conselho Nacional do Ministério Público foram alvo, nos últimos dias, de forte pressão para não tomar nenhuma decisão, na terça (13), quando retomam os trabalhos, sobre casos que questionam a conduta de Deltan Dallagnol. O corregedor do órgão, Orlando Rochadel, tirou de pauta a ação que poderia gerar debate sobre eventual sanção. Em outra ponta, a procuradora-geral, Raquel Dodge, marcou sessão das 9h às 13h, tempo considerado insuficiente para encerrar as discussões.
Os integrantes do colegiado que estão dispostos a reabrir pedidos de investigação contra Dallagnol já arquivados por Rochadel vão apresentar recurso na terça, mas não vislumbram desfecho para o debate na sessão.
O corregedor tem sido criticado pelos integrantes do CNMP que defendem uma atitude mais incisiva do órgão diante das suspeitas de que o chefe da Lava Jato exorbitou de suas funções. Essa ala vê nos novos movimentos de Rochadel e de Dodge uma tentativa corporativista de preservar Dallagnol.
Além da reação institucional, nos últimos cinco dias os conselheiros receberam mais de 700 emails com pedidos para que o CNMP não puna Dallagnol. As mensagens são assinadas por grupos que pregam o combate à corrupção e entusiastas da Lava Jato.
O CNMP está pressionado por todos os lados. Enquanto o MPF tenta se blindar, Supremo e Legislativo cobram uma atitude incisiva diante das revelações trazidas pelo The Intercept. Neste momento, o afastamento cautelar está descartado. Impera o entendimento de que as mensagens obtidas pelo site são provas ilícitas.