Por Patrick Florêncio/Marise Rodrigues -Rádio Folha FM – Por conta de problemas de visão, o número de brasileiros com restrições na Carteira Nacional de Habilitação (CNH) aumentou quase 80%, ao longo dos últimos dez anos. Em 2014, 14,4 milhões de motoristas só podiam conduzir veículos com o uso obrigatório de óculos ou lentes de grau. Os dados são do Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), com base em informações da Secretaria Nacional de Trânsito.
O grupo inclui pessoas com restrição para dirigir após o pôr do sol e aquelas com visão monocular (visão igual ou inferior a 20% em um dos olhos). Em 2024, esse total já alcança 25,4 milhões – um aumento de 77%. De acordo com o levantamento, as restrições visuais respondem por 91% de todas as anotações aplicadas a um total de 27,9 milhões de CNHs emitidas no Brasil.
Na avaliação do conselho, diversos fatores contribuem para a crescente demanda por cuidados oculares entre motoristas brasileiros, incluindo o envelhecimento da população; a exposição prolongada às telas de celulares e computadores; e o aumento da incidência de doenças crônicas como diabetes, hipertensão e estresse, além de hábitos que levam à alimentação inadequada, ao sedentarismo e à obesidade.
Para falar sobre o assunto, Jota Batista, âncora da Rádio Folha 96,7 FM, conversou no Canal Saúde com a médica oftalmologista do HOPE, Camila Moraes.
O mapeamento indica que o Rio Grande do Norte, a Paraíba e o Rio de Janeiro apresentam, atualmente, a maior proporção de CNHs com restrições em relação ao total de condutores. Nesses estados, os números são, respectivamente: 390 mil (42% dos condutores); 371,8 mil (38%); e 2,1 milhões (34%). Já o Acre, que concentra 56,4 mil registros, tem o menor percentual no panorama nacional, com 20% dos condutores apresentando alguma restrição visual para conduzir veículos.
Quando comparados os dados de 2014 com os de 2024, entretanto, o cenário muda. Os estados onde o aumento percentual de condutores com restrições foi mais significativo são: Goiás (129%); Tocantins (128%); Roraima (125%); Mato Grosso (120%); Acre (119%); Amazonas (110%); Rondônia (103%); Alagoas (103%); Maranhão (102%); e Piauí (100%). No extremo oposto, surge o Distrito Federal, com aumento de 40%.
Para a médica Camila Moares, os números mostram a relevância da saúde ocular para a população e a necessidade de prevenção e diagnóstico precoce de doenças oculares
“Observamos que principalmente, esse aumento se dá pelo envelhecimento da população, onde pessoas cada vez mais velhas, estão mais ativos em trânsito. Temos uma população jovem, que está iniciando a dirigir, e que miopia e astigmatismo, e problemas visuais relacionados também ao uso excessivo de telas, aumento de visão para perto e nesse sentido essas pessoas tendem a usar óculos.
Além disso, o Detran pode ter aprimorado os processos de exames médicos e isso pode ter sensibilizado também no sentido de ser mais fiel aquilo que o motorista precisa usar. Como a visão é o sentido que o motorista mais usa, o Detran tem suas normas e o motorista precisa cumprir isso de fato.
O CBO elencou ainda os principais tipos de anotações relacionadas à visão presentes nas CNHs dos brasileiros. Entre as mais frequentes estão a obrigatoriedade do uso de lentes corretivas, com cerca de 25 milhões de motoristas; e as restrições associadas à visão monocular, com 351 mil casos. Em terceiro lugar, com 152,1 mil casos, estão os condutores impedidos de dirigir após o pôr do sol.
As restrições que estão sendo observadas, na grande maioria delas, se dá pela relação ao uso de óculos, outros observações em carteira de motorista; pode se dever a visão monocular que são a minoria ou de restrição para dirigir após o pôr do sol, por exemplo são pacientes que têm uma dificuldade no contraste em visualizar letras e placas com a penumbra do dia.