Catarina Alencastro, Sergio Roxo, Bruno Góes, Renata Mariz e Eduardo Bresciani – O Globo
A ordem de prisão contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva já faz partidos políticos repensarem suas estratégias para a corrida eleitoral deste ano. No PT, a falta de opções é o principal problema para a candidatura à Presidência.
A sigla pretende insistir na candidatura de Lula. Usará imagens captadas durante sua permanência no Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo, e do discurso que fez em um carro de som no começo da tarde de sábado (7). Sem o ex-presidente Lula, o PT tem pouquíssimas alternativas.
O ex-ministro Jaques Wagner resiste a ser o substituto na disputa pela Presidência. Ele tem todas as razões possíveis para declinar da honra de substituir Lula. Investigado em um inquérito da Lava-Jato, Wagner está em busca de refúgio no foro privilegiado, alternativa que garante um processo mais moroso aos suspeitos de corrupção. E, ao contrário de muitos outros em situação semelhante, ele tem um caminho relativamente fácil até seu objetivo. Pode ser candidato ao Senado pela Bahia, onde terá uma campanha levemente tranquila, ao lado do governador Rui Costa (PT), que aparece como grande favorito nas pesquisas e sem concorrentes à altura até agora.
Em reuniões recentes, Wagner fez oferta diferente aos colegas do PT. Se propôs a viajar por todo o Nordeste para promover a candidatura de Fernando Haddad, que considera o substituto ideal para Lula. Wagner alinha até um raciocínio político coerente. Afirma que sua presença na campanha é capaz de garantir a vitória de um petista na Bahia. Diz que, com a força de Lula, e uma campanha que use o ex-presidente como vítima de complô, um candidato petista terá uma votação significativa no Nordeste inteiro. Acrescenta que Haddad é capaz de angariar boa votação em São Paulo, onde o PT tem dificuldade — o que ele, Wagner, não seria capaz de fazer. O resto do PT, no entanto, tem dúvidas. Haddad é visto como alguém sem traquejo necessário e sem trânsito no partido.
Continua…