Por Evaldo D´Assumpção*
Já se acendem, nas lojas, as luzes natalinas. Num país em crise financeira, mas também se afogando em crises morais, éticas, políticas e tantas outras, o comércio lanças suas taboas de salvação, afixando nas vitrines os ridículos cartazes de “off”, “sale” e outas idiotices, como se estivéssemos num país de língua inglesa. Por acaso me vem a memória um dito absurdo de tempos recentes: “Amar é dar presente!” Será? Tudo numa busca insana de melhorar as vendas, e sair do caos em que o barbudo vestido de vermelho (não me refiro ao Papai Noel…) e sua malfadada sucessora, ambos cavalgando uma rubra, mas desbotada estrela cadente, mergulharam este ingênuo e estropiado Brasis. Mas não é sobre este tema, quase obsceno, que pretendo refletir. Meu foco está voltado para o gesto, hoje compulsório, de dar presentes.
Não é raro escutarmos comentários amaros de quem se vê na obrigação de presentear determinada pessoa, especialmente no momento hodierno em que suas finanças estão mergulhadas no vermelho. E tais comentários se tornam mais ácidos, quando o futuro presenteado é alguém pelo qual o queixoso não nutre maior simpatia, sendo o presentear um gesto compulsório, diplomático, bajulatório ou fruto do clássico “noblesse oblige”.
Para complicar mais ainda, mais penoso se torna quando se tem de escolher alguma coisa que se enquadre bem na equação: beleza + utilidade + ser encontrável + preço accessível. Por vezes, mais outros elementos são incluídos nesta fórmula, tornando-a quase sempre de difícil ou impossível resolução.
Continua…