Blog da Folha – Oficialmente, o guia eleitoral de rádio e televisão terá início no dia 26 de agosto e vai até 29 de setembro para o primeiro turno. Mas nas redes sociais dos pré-candidatos ao Governo o guia eleitoral já começou faz tempo. O uso das redes sociais pelos postulantes não é proibido e ainda pode ser impulsionado, quando o candidato ou o partido pagam para que mais pessoas possam ser atingidas pelas postagens. Nesses “novos guias” só não aparecem o número do pré-candidato e o pedido de “no dia 2 de outubro vote em mim”. Isso a legislação não permite.
De resto, tem de tudo: jingles, campanha nas ruas, abraços e aperto de mãos nos eleitores, discursos, aplausos, conquista de novos apoios, depoimentos de aliados, promessas e propostas de governo A força das redes sociais é incontestável. E mesmo ganhando cada vez mais a cara de programa eleitoral não vai substituí-lo. O guia eleitoral não perde fôlego. Mas tem uma necessidade urgente de mudar o formato. Ser mais ousado nas imagens, ter conteúdo forte e ser leve na linguagem. A análise é feita pelas professoras especialistas em comunicação e marketing Nara Castro e Thelma Guerra.
“Há público para tudo. As redes sociais têm um público mais jovem, mais antenado. O guia atinge, principalmente, o eleitor mais maduro, mais tradicional, que não migrou de forma rápida para as redes. Muitos nem têm essa intenção”, avalia a coordenadora dos MBAs em Marketing Digital e Marketing Político-Eleitoral da Católica Business School e do curso de Publicidade e Propaganda da Unicap, Thelma Guerra.
Abordagens distintas
Segundo a designer com especialização em gestão de marketing e mestrado em indústrias criativas Nara Castro, as redes sociais e o guia eleitoral envolvem plataformas diferentes, com abordagens distintas.
“O principal ponto do guia é aproximar a população das propostas dos candidatos, por isso usa meios com alcance em que a maioria pode acessar, como TV e rádio. As redes dependem de dispositivos e conexões com a internet, a que nem todos têm acesso. O trabalho nas redes sociais é algo contínuo, feito com muita antecedência”, comenta.
Thelma ressalta que a comunicação como um todo está mudando em função da internet. E lembra que isso começou mais fortemente a partir de 2008 com a campanha de Barack Obama para presidente dos Estados Unidos.
“A gente veio amadurecendo ao longo desses anos e, sem sombra de dúvida, essa linguagem mais descontraída das redes sociais já migrou para a televisão”, observa, destacando ser possível usar a mesma identidade visual, mas ser diferente na forma de falar para cada veículo.
Nara observa ser possível fazer interações com os dois meios – as redes sociais e o guia eleitoral – dando mais dinamismo e inovação para o formato tradicional do programa eleitoral. Thelma reforça que o digital sozinho não é a solução. “E precisa ser usado de forma correta, com seriedade, dedicação, profissionalismo. Se não, torna-se uma mídia descartável.
“Digital sozinho não vai para muito longe. O digital eficaz é o que dialoga com as mídias off”, afirma.