Paula Soprana – O Globo
O PSOL lançou oficialmente ontem Guilherme Boulos como pré-candidato à Presidência da República. O líder do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST) prometeu, caso seja eleito, convocar um plebiscito para saber se a população quer revogar medidas do presidente Michel Temer, como a reforma trabalhista. Durante seu discurso, rebateu acusações de que sua candidatura é muito próxima a Lula e criticou o também presidenciável Jair Bolsonaro, a quem chamou de “bandido”.
A proposta é semelhante à já feita pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que também acha que a população deve ser consultada sobre medidas de Temer. Na semana passada, a exibição de um vídeo do petista em outro evento de Boulos gerou críticas dentro da sigla, surgida como dissidência do PT. Para uma ala do partido, a candidatura de Boulos não pode virar uma linha auxiliar de Lula nas eleições.
Na conferência eleitoral do PSOL, realizada neste sábado em São Paulo, Boulos teve 71% dos votos dos delegados da sigla. Pré-candidato derrotado, Plínio de Arruda Sampaio Jr., criticou o processo de escolha do partido, disse que vai defender que a sigla tenha um programa de governo que proponha reformas estruturais e pregou a superação do lulismo, “seja o lulismo com Lula, seja o lulismo com Boulos”.
— Boulos teve uma vitória que não leva o partido. Um terço do partido não digere a candidatura Boulos. É um terço formal (a votaçao foi só entre delegados). Mas, no partido real, 45%, 50% do partido não entende e não digere a candidatura. Ela nasce com déficit congênito de credibilidade e de legitimidade na base do partido. Criamos um problemão hoje e se chamada Boulos — disse Plínio Jr.
Continua…