Antes mesmo da saída de Sergio Moro do governo, o presidente Bolsonaro já havia liberado assessores para negociarem com os partidos do chamado centrão. O objetivo era buscar apoio no Congresso para votar medidas de interesse do governo na agenda pós-pandemia.
Agora, a negociação ganhou outros contornos: o Planalto quer garantir uma base de apoio no Congresso contra um eventual processo de impeachment baseado no inquérito aberto no Supremo Tribunal Federal (STF) para apurar declarações de Moro.
O governo se prepara juridicamente desde o final de semana para o desdobramento do inquérito no STF que vai apurar a acusação de Moro de interferência política de Bolsonaro na Polícia Federal. O Planalto aguarda “mais munição” por parte de Moro, inclusive na CPI da FakeNews, caso ele seja chamado para falar.
Por isso, para controlar o desgaste político no Congresso, com processos contra Bolsonaro, o governo precisa de apoio.
Um general avaliou ao blog temer que, se a situação se agravar, o governo Bolsonaro viva a mesma situação de Michel Temer após a denúncia de Joesley Batista: sobreviva politicamente mas com o governo inviabilizado em matérias econômicas e relevantes para o país. Mas, para sobreviver politicamente, Bolsonaro precisa de apoio. Por isso isso a necessidade de negociar com o centrão.
Os partidos do centrão, maior bloco da Câmara, têm conversado há semanas com articuladores políticos do governo.