A decisão final não é para agora. Só depois da eleição do dia 26 oPMDB decidirá se fica onde está, no caso da reeleição de Dilma, ou, diante da vitória de Aécio, adere em bloco, ainda que sob o rótulo de “independência”.Uma coisa, porém, é tão certa quanto dois e dois são quatro: o partido estará com o governo. Qualquer que seja.
Tendo em vista a ascensão do ex-governador de Minas na disputa, o PMDB já traçou sua estratégia. Em nome “do que for melhor para o Brasil”, apoiará a futura administração… Pontes já foram lançadas no rumo de uma hipotética adesão. Basta atentar para a performance dos principais caciques peemedebistas, que mesmo dispondo do candidato à vice-presidência na chapa de Dilma, desapareceram da campanha. Ainda que ostentando a medalha de maior partido nacional, não se tem notícia da participação do PMDB nas carreatas da presidente da República. Muito menos nas telinhas da propaganda eleitoral, exceção das apagadas aparições de Michel Temer.
É claro que se Aécio for eleito, a fatura do PMDB chegará com as felicitações. As mesmas reivindicações de sempre serão logo conhecidas: ministérios, diretorias de estatais, postos de comando no Congresso. Eduardo Cunha prometerá dar maioria ao novo governo caso ocupe a presidência da Câmara. Romero Jucá se posicionará para líder do governo no Senado, ele que exerceu a função nos governos Fernando Henrique, Lula e Dilma.
Não fosse a tragédia, a conclusão seria de que o Dr. Ulysses ficou feliz em desaparecer no mar. Imagine-se a tristeza por ele demonstrada se estivesse entre nós. O outrora aríete que derrubou a ditadura transformou-se num balcão de negócios. Sem esquecer a denúncia dos dois assaltantes da Petrobras admitindo que o PMDB também participou da lambança do superfaturamento de contratos e recebeu sua parte nos 3% distribuídos pelos partidos da base do governo.
O irônico nessa história é que o PMDB saiu-se bem no primeiro turno das eleições. Elegeu governadores, conquistou a maior bancada na Câmara e manteve a supremacia no Senado. Frustrou quantos imaginavam que saísse enfraquecido das urnas. Se for para abandonar o PT, o discurso já está preparado: nenhuma responsabilidade teve o PMDB na condução do governo Dilma… (Carlos Chagas)