Aos 38 anos, Flávia Arruda é candidata a deputada federal pela primeira vez e entrou no seleto grupo de dez parlamentares que mais receberam recursos de seus partidos para fazer campanha. No caso de Flávia, foram R$ 2,4 milhões transferidos pelo PR do Distrito Federal até a semana passada — total bem próximo do teto de R$ 2,5 milhões de gastos estipulados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para os candidatos à Câmara dos Deputados no DF.
Numa campanha eleitoral que começou sob a expectativa do surgimento de outsiders para mudar uma política abalada por sucessivos escândalos, a candidata do PR é exemplo de como a renovação, se depender da distribuição do fundo eleitoral feita pelos partidos, dificilmente ocorrerá. Levantamento do GLOBO revela que, dos R$ 843 milhões distribuídos pelos partidos para as campanhas ao Congresso Nacional, R$ 563 milhões, 67%, foram para as mãos de quem tem ou já teve mandato como senador ou deputado federal.
O grupo que ficou com os 33% restantes, porém, também está povoado por figuras carimbadas, como a ex-presidente Dilma Rousseff (PT-MG, R$ 2,7 milhões), ou apadrinhadas por profissionais da política, como Flávia Arruda e Danielle Cunha (MDB-RJ, R$ 2 milhões), filha de Eduardo Cunha, ex-presidente da Câmara preso por corrupção e lavagem de dinheiro.
A principal credencial eleitoral de Flavia Arruda é ser mulher do ex-governador José Roberto Arruda, que a lançou como candidata por estar impossibilitado de concorrer pela Lei da Ficha Lima — ele foi condenado em segunda instância por improbidade administrativa.