Renata Bezerra/Folha de Pernambuco
Entre os deputados federais, a angústia é latente. “Não quero nem pensar nisso”, observa, à coluna, um integrante da bancada federal pernambucana, que prefere não se identificar. Posição idêntica é externada por outro parlamentar, também em reserva. Fazem referência ao mesmo tema: o sentimento predominante de que o resgate das coligações, um dos pontos da reforma eleitoral aprovada na Câmara Federal, seja rejeitado no Senado. “A coligação estava morta, mas, ontem (terça), deu um suspiro, começou a reagir”, relata outro deputado e procura traduzir melhor o que quis dizer: “Os deputados, agora, estão pressionando os senadores de seus Estados. Os deputados estão dizendo que, se os senadores não votarem a favor, não vão apoiá-los na disputa”. Há mobilização em curso, inclusive, de deputados estaduais, via União Nacional dos Legisladores e Legislativos Estaduais (Unale). O movimento dá esperança a parlamentares que enxergam, na hipótese de a proposta ser rejeitada, risco à manutenção de seus mandatos.
Em Pernambuco, o senador Humberto Costa, à coluna, adianta que não há pressão que vá fazer com ele mude de ideia. “Vou votar contra. Não há hipótese. Nem se o partido mandar eu não voto. Sou contra”, assegura. Motivo: “A gente acabou com coligação em 2017 para acabar com esses partidos de aluguel. Diminuir o número de partidos no Brasil é importante para democracia”. Humberto faz referência à reforma eleitoral anterior, que vedou coligações, o que nem chegou a ser testado em eleições gerais, apenas no pleito municipal do ano passado. Indagado sobre o movimento dos deputados de seu partido, o PT, na Câmara Federal, que aderiram ao acordo para derrubar o distritão e resgatar as coligações, ele devolve: “Os deputados do PT fizeram acordo sem combinar com a gente. Eles fizeram acordo porque quiseram”. Humberto adverte: “Pode fazer a pressão que for. Não vou mudar de opinião”. Diz ainda não acreditar que a bancada do PT na Casa Alta, formada por seis senadores, ceda ao apelo de deputados, que tem sua vida em jogo em 2022. “A temperatura no Senado é de rejeitar qualquer mudança na legislação”, avisa o petista.