A bancada do PMDB decidiu ontem (30), por 15 votos dos 19 integrantes, lançar a candidatura de Renan Calheiros (PMDB-AL) à presidência do Senado. Ele tentará a reeleição contra outro nome do PMDB lançado pela ala dissidente do partido, o do senador Luiz Henrique (PMDB-SC).
Dos 19 senadores eleitos do PMDB, apenas Luiz Henrique, Ricardo Ferraço (ES), Waldemir Moka (MS) e Dário Berger (SC) se posicionaram contrários à candidatura de Renan e se recusaram a participar da reunião da bancada nesta tarde.
A eleição da Mesa Diretora será neste domingo (1º), após a posse dos 27 senadores eleitos. Apesar de o nome oficial do partido ser o do alagoano, Luiz Henrique poderá concorrer à presidência de forma autônoma. Ele conta com adesão dos partidos de oposição e de senadores governistas considerados “independentes”. Nesta tarde, representantes de seis partidos firmaram apoio à candidatura.
Antes da reunião que aprovou o nome de Renan como candidato oficial do partido, o senador Luiz Henrique apresentou ao líder da bancada, Eunício Oliveira (PMDB-CE), uma carta na qual reafirma sua disposição em concorrer mesmo sem o aval do partido. No documento, o ex-governador de Santa Catarina destaca seu currículo e sua participação na fundação do partido e encerra afirmando que manterá a candidatura.
“Comunico ao nobre líder e aos bravos companheiros da nossa bancada a oficialização do meu nome, para que o Plenário do Senado decida soberanamente”, conclui Luiz Henrique na carta.
Apesar de Renan Calheiros ter negado inicialmente que seria candidato à reeleição e se mantido afastado da imprensa nas últimas semanas, nos bastidores ele vinha costurando apoio junto aos partidos, de forma que seu nome era o mais cotado dentro do PMDB.
O PMDB, por ter o maior número de senadores (19), tem a prerrogativa de indicar o presidente da Casa. O restante da Mesa Diretora também é composta obedecendo o critério de proporcionalidade partidária.
Ao sair da reunião, Renan afirmou que a disputa interna no Senado não se trata de “divisão”, mas sim de “democracia”. Acrescentou que o Congresso não caminha por “candidaturas avulsas”. Ele lembrou que o PMDB “ganhou nas urnas” o direito de indicar o presidente do Senado. “Ninguém pode revogar esse direito que o PMDB conquistou”, afirmou o presidente, destacando que é preciso “respeitar” a indicação formal do partido.
“É preciso aceitar as indicações dos partidos. O Congresso não caminha por projetos pessoais, candidaturas avulsas. É fundamental não revogar as normas que fazem com que o parlamento caminhe”, declarou.
O líder do PMDB, Eunício Oliveira (CE) – que foi reconduzido ao cargo por unanimidade -, minimizou as divergências internas e evitou responder se há um “racha” na bancada. “Dos 19 senadores, 15 manifestaram sua posição. É um processo mais do que natural que os senadores se manifestem e, na democracia, vale a maioria”, afirmou.
“Só me cabe fazer a reunião da bancada e manifestar o desejo da bancada. O desejo foi esse, não posso fazer juízo de valor”, completou. (G1)