Estadão Conteúdo – A remuneração do presidente, diretores e conselheiros da Petrobras pode ser reajustada em 43,88%, segundo apurou o Estadão/Broadcast. O aumento foi aprovado quarta-feira, 22, em reunião do Conselho de Administração da estatal, no mesmo dia em que os nomes dos sete indicados pelo presidente da estatal, Jean Paul Prates, foram aprovados para um mandato de dois anos. A proposta será submetida à Assembleia Geral de Acionistas, que está prevista para 27 de abril.
Se aprovado, o aumento será sobre a remuneração fixa. Atualmente, o salário do presidente da Petrobras é por volta de R$ 116 mil. Com o reajuste, passará para quase R$ 167 mil por mês. No comunicado ao mercado sobre a aprovação dos diretores, no fim da noite de quarta-feira, a aprovação do aumento salarial foi omitida.
Segundo o Relatório Agregado das Empresas Estatais Federais (RAEEF) de 2022, que traz informações sobre o exercício de 2021, a remuneração anual da diretoria e do presidente da empresa ficou pouco acima de R$ 3 milhões por ano, equivalente a quase R$ 250 mil reais por mês se considerado o salário fixo, gratificações, participação de lucros e resultados.
Procurada pela reportagem, a Petrobras confirmou a aprovação do reajuste salarial e afirmou que a remuneração fixa dos administradores da empresa “estava congelada desde 2016″.
Segundo a estatal, a decisão “considerou os resultados positivos obtidos pela companhia e a defasagem da remuneração dos administradores em relação ao mercado”. A empresa menciona “pesquisas” apontando que a atual remuneração do presidente da Petrobras equivale a 19% da mediana da remuneração total anual de seus pares no mercado. No caso dos diretores, a remuneração atual equivaleria a 55% do que é percebido pelos pares de outras empresas.” Cabe esclarecer que os conselheiros eventualmente beneficiados pelo reajuste se abstiveram de votar.
Assim como, votaram favoravelmente aqueles em vias de deixar o Conselho de Administração, com base em percepção de oportunidade de melhoria dos valores de remuneração atualmente praticados, à luz de referências de empresas com as mesmas características”, afirmou a Petrobras em nota.
A empresa ainda informou que a defasagem salarial de administradores ante o mercado foi ampliada nos últimos anos em função do congelamento da remuneração da diretoria, o que não ocorreu com o restante da força de trabalho, que teve sua remuneração atualizada ao longo deste período. Entre 2017 e 2021, o corpo de funcionários da Petrobras teve os salários reajustados em 19,72%, segundo dados divulgados pelo governo.
Conforme apurou a reportagem, o congelamento da remuneração da alta administração da empresa por oito anos foi o argumento usado para justificar a decisão. Um interlocutor de Prates disse à reportagem, sob a condição de anonimato, que os vencimentos do conselho de administração e fiscal ficaram congelados por cerca de oito anos sem ajuste sequer da inflação e o cálculo que resultou na proposta de aumento foi para encerrar essa defasagem.