Diário de Pernambuco – A Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco (SES-PE) divulgou, ontem (11), que o estado já registrou 96 notificações de varíola dos macacos, causada pelo vírus monkeypox, sendo que 76 casos ainda estão em investigação, 13 já foram confirmados e outros sete, descartados. Entre os últimos, estão dois presos da Penitenciária Doutor Ênio Pessoa Guerra, em Limoeiro. Outros detentos também foram testados, mas os resultados ainda não saíram. Os testes são feitos na Fundação Oswaldo Cruz, no Rio de Janeiro (Fiocruz-RJ), referência no país para a doença.
Entre as confirmações oito são moradores do Recife, dois de Jaboatão dos Guararapes, um de paulista, além de dois casos “importados”, de São Paulo e Rio de Janeiro, respectivamente. Todos são homens, entre 20 e 49 anos, e estão em isolamento domiciliar, sem gravidade. Ainda não há transmissão local em Pernambuco. Já os 76 casos que continuam em investigação são de moradores de Pernambuco, com exceção de um caso de São Paulo. Desses, 51 são homens, e 25, mulheres. Há crianças entre os pacientes ainda em investigação da Fiocruz-RJ.
De origem africana, onde é endêmica desde os anos 1950, a varíola dos macacos pouco se assemelha à varíola tradicional, já erradicada nos anos 1980. A começar pela forma de contágio. Enquanto a originária, uma das doenças que mais matou na história da humanidade, era disseminada pelas vias áreas, como a Covid-19, por exemplo também o é, o contágio da monkeypox acontece, sobretudo, por contato direto com as lesões e secreções das feridas.
Não há confirmação ainda se a doença pode ser considerada uma infecção sexualmente transmissível (IST), mas já se sabe que o ato sexual tem sido uma relevante forma de contágio do surto atual, surgido, no início deste ano, na Europa. Qualquer pessoa pode se contaminar (já há casos registrados em crianças, inclusive no Brasil), mas a Organização Mundial de Saúde (OMS) emitiu alerta ao grupo de homens que fazem sexo com outros homens (HSH), perfil no qual estão, de acordo com dados oficiais, mais de 98% dos casos.
No Brasil, já há mais de 2,5 mil casos confirmados da doença, a maioria em São Paulo. No mundo, a OMS já registou mais de 32 mil, com sete mortes, cinco delas na África, uma na Espanha e outra no Brasil (um paciente de Belo Horizonte, que estava gravemente atingindo por um câncer).
OMS estuda mudar nome da doença para proteger animais
A Organização Mundial de Saúde estuda mudar a nomenclatura da doença. “Monkeypox” é usada desde os anos 1960, pois as transmissões registradas endemicamente na África, desde essa época, têm relação com a proximidade entre homens e animais selvagens (como em outros tipos de vírus), incluindo espécies símias, embora o contato com roedores seja o mais comum. “Varíola dos macacos” é a tradução literal, em português, do termo em inglês. Vem da família dos poxvírus, que produzem vesículas (pox em inglês), feridas que contêm pus, como a varíola tradicional também fazia (deixava marcas, popularmente chamadas no Brasil de “bexigas”).
Mas a organização tem visto, com preocupação, casos de agressão, em diversos países, a animais selvagens, o que não se justifica. O surto atual é de contágio entre humanos. “A transmissão que estamos vendo agora no grande surto de monkeypox é de pessoa para pessoa. O vírus está presente em alguns animais e observamos salto para humanos, mas não é o que estamos vendo agora. O risco de transmissão é de outro ser humano”, disse Margaret Harris, epidemiologista da OMS, em coletiva, há uma semana, sobre o assunto, na sede da entidade, em Genebra, na Suíça.
De acordo com ela, o equívoco pode, até mesmo, prejudicar o combate à doença. Não há registro de agressão a macacos em Pernambuco, mas houve casos no Rio de Janeiro.
A OMS ainda não emitiu um comunicado oficial com um novo nome, mas não seria inédito. Aconteceu em outros surtos e epidemias, como as que envolveram gripes de origem suína, que obtiveram, logo a seguir, nomenclaturas técnicos (o último surto foi nomeado como H3N2, cuja atual vacina antigripe combate).