Das seis candidaturas registradas ao Palácio do Campo das Princesas, quatro representam projetos interessantes para o estado, duas com maiores chances, que são Armando Monteiro e Paulo Câmara, e duas que possuem qualidades que podem dar uma dinâmica interessante ao debate dos temas importantes do estado, que são Julio Lossio e Maurício Rands.
Mauricio Rands é advogado, tendo sido deputado federal por três mandatos, sendo um dos mais influentes da Câmara dos Deputados. Em 2012 tomou uma decisão bastante drástica que foi renunciar ao mandato e sair da política após o conturbado processo de prévias do PT. Seis anos depois, tendo experiências na iniciativa privada, Maurício Rands decidiu voltar para a política, agora na condição de candidato a governador pelo PROS. Apesar da pouca chance de vitória, Rands poderá qualificar o debate sobre temas relevantes para o estado devido a sua experiência como parlamentar, como advogado e até mesmo como empresário.
Julio Lossio é médico oftalmologista, e até 2008 nunca havia exercido mandato eletivo. Foi lançado como candidato a prefeito de Petrolina pelo ex-deputado federal Osvaldo Coelho numa aliança entre MDB, DEM e PSDB. Ele começou atrás nas pesquisas, cresceu durante a campanha e derrotou o deputado federal Gonzaga Patriota. No cargo de prefeito fez uma gestão revolucionária na cidade, com ações para a saúde, educação, segurança, sustentabilidade e desenvolvimento econômico, sendo reeleito em 2012 e saindo da prefeitura com expressiva aprovação em 2017. Agora na condição de candidato a governador, terá uma chance real de se apresentar a Pernambuco mesmo com pouco tempo de propaganda eleitoral. Lossio pode vender um novo conceito de política no estado e angariar, assim como Rands, eleitores que estejam desacreditados com as duas principais candidaturas que se enfrentaram em 2014.
Armando Monteiro foi candidato a governador em 2014 porque acreditava que aquela era sua vez de governar Pernambuco, chegando a romper com Eduardo Campos para se colocar como alternativa, uma vez que o então governador fez a opção por outra candidatura. Quatro anos depois, Armando teve a experiência de disputar uma campanha de governador e depois de ser ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio. Diferentemente de 2014 quando estava estreando na disputa pelo Palácio do Campo das Princesas e nunca havia passado pelo executivo, Armando tem condições de canalizar os insatisfeitos com o atual governador colocando-se como uma mudança segura para o estado.
Por fim, Paulo Câmara acabou sendo eleito após ser ungido por Eduardo Campos e beneficiado diretamente pelo acidente que vitimou o ex-governador. Suceder Eduardo não seria fácil para ninguém, sobretudo para quem sequer havia sido deputado, mas a situação se agravou com as sucessivas crises enfrentadas pelo governador. Ora pelo impeachment que deu instabilidade aos governantes, ora pela crise econômica que dizimou empregos e deixou em Pernambuco uma sensação de terra arrasada.
Os desafios não foram fáceis para o governador, apesar disso é prudente reconhecer que Paulo conseguiu manter serviços essenciais funcionando, a folha salarial do funcionalismo público em dia, e ainda conseguiu fazer investimentos e algumas obras no estado que beneficiaram os pernambucanos. Apesar de não ter nenhuma obra estruturadora para utilizar como marca do governo e parte das promessas de campanha não terem sido cumpridas, é pouco provável que outro nome que estivesse no lugar do atual governador tivesse resultados muito melhores do que os que foram obtidos por Paulo nestes quatro anos.
Com a campanha prestes a começar, Pernambuco pode se dar ao luxo de contar com quatro nomes com envergadura para ocupar o cargo de governador, cada um com sua característica, com erros e acertos para serem apontados ou exaltados, mas não teremos na eleição nenhum dos quatro nomes que tenha algo que desabone a sua conduta e que possa quebrar as tradições dos bons governadores que Pernambuco teve ao longo dos anos. (Edmar Lyra)