Por Ulysses Gadêlha e Renata Bezerra de Melo
O deputado federal Mendonça Filho (DEM) tem evitado falar do assunto, mas seu nome continua citado como mais viável do Nordeste para ocupar a vice do presidenciável Geraldo Alckmin (PSDB) na disputa presidencial. Na última sexta (22), ele encontrou-se com Alckmin, em Caruaru, durante visita do tucano ao Sítio Macambira, do ex-governador João Lyra Neto (PSDB).
Integrante da campanha de Geraldo Alckmin, o deputado paulista Ricardo Trípoli acredita que Mendonça tem todas as qualidades pra ser o vice e grifa que, no momento, nenhum outro nome está sendo cogitado. “Vejo no ministro Mendonça um nome altamente qualificado. Na época do Fernando Henrique, fomos buscar o Marco Maciel para esta composição. A origem dos dois é a mesma e eu, particularmente, tenho muito apreço pelo nome do Mendonça”, enfatiza.
Mendonça minimiza o encontro que teve com Alckmin na casa de João Lyra. “Recebi Alckmin apenas como um amigo. Continuo na minha pré-campanha para o Senado”. Indagado sobre a importância de um vice do Nordeste na chapa do paulista, ele desconversou: “Não irei opinar”. Na semana passada, o ex-ministro da Educação ofereceu um café da manhã a Alckmin, em Brasília, na presença do presidente do DEM, ACM Neto.
No último sábado, Geraldo Alckmin, em Campina Grande, afirmou ser “natural” ter um vice do Nordeste, que não seja do PSDB. A declaração foi vista como aceno ao DEM. Presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), no entanto, ainda tem o nome posto como pré-candidato à Presidência, mas, nos bastidores, já quem fale em desistência. Democratas também estiveram com Ciro Gomes (PDT).
O Nordeste detém 39 milhões de eleitores, o que representa 26% do eleitorado do País. Nos últimos anos, o desempenho do PSDB na região esteve sempre abaixo dos 20% dos votos do 1º turno. Em Pernambuco, Aécio Neves, teve apenas 5,9% dos votos em 2014.
“Evidentemente, o vice sendo do Nordeste fortaleceria muito candidatura do governador Alckmin. Depois da aliança com o DEM, um vice do Nordeste é importante e Mendoncinha teria condições, desde que seja feita a aliança nacional. Estamos coligados aqui no Estado”, pondera João Lyra Neto, que foi anfitrião do presidenciável e conversou com ele sobre o assunto.
O deputado federal Jarbas Vasconcelos (MDB), que já declarou voto em Geraldo Alckmin, avalia o seguinte: “Ele, sendo de São Paulo, tem que buscar vice de uma região diferenciada. Reitero que o vice deve ser do Nordeste”. Na análise dele, os estados mais importantes são Bahia, Pernambuco e Ceará.
“Dentro desses três, ele vai buscar solução”, aposta o emedebista, que já começa a traçar agendas conjuntas com Paulo Câmara, em cuja chapa deve estar na corrida pelo Senado. O ex-governador, entretanto, já teve seu nome ventilado para a missão de ser vice do presidenciável paulista. Mas evita tocar no tema. Foca na relevância da região: “O Nordeste corresponde exatamente ao eleitorado de São Paulo”.
“Natural”
Em passagem pelo São João de Campina Grande (PB), o pré-candidato do PSDB à Presidência da República, Geraldo Alckmin, afirmou, no último sábado, que é “natural” que o vice em sua chapa seja um político do Nordeste e que seja indicado por outro partido. A declaração foi interpretada por aliados como um aceno ao DEM, que ainda não definiu como caminhará na eleição deste ano.
“É natural que o vice venha do Nordeste e que não seja do PSDB. Deve ser escolhido pelos nossos partidos aliados”, declarou Geraldo Alckmin em Campina Grande.
Alckmin aparece com apenas 2% das intenções de voto no Nordeste, atrás dos pré-candidatos ao Planalto, Jair Bolsonaro (PSL), Ciro Gomes (PDT) e Marina Silva (Rede).
Ao indicar disposição para a escolha de um vice da região, o tucano também tenta fazer frente às negociações do DEM com Ciro, que foi governador do Ceará. Os democratas estiveram com o pedetista e com Alckmin em Brasília nos últimos dias. Parte dos dirigentes do DEM no Nordeste vê com bons olhos uma aliança com Ciro. (Folha de Pernambuco)