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O ministro interino da Saúde, general Eduardo Pazuello, entregará definitivamente nesta semana o comando da 12ª Região Militar, no norte do país, mas informou a interlocutores que permanecerá na ativa, contrariando a pressão para que ingresse na reserva.
Desde abril, quando foi escolhido pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) para organizar o Ministério da Saúde, como secretário-executivo, para o então ministro Nelson Teich, Pazuello dizia que sua permanência na pasta era temporária e que pretendia voltar ao comando da Região, responsável pela Amazônia Ocidental (Amazonas, Acre, Rondônia e Roraima).
Com a transferência de comando, ressurge a dúvida sobre o destino de Pazuello à frente do Ministério da Saúde. Ele embarca para Manaus nesta segunda-feira (17), e a cerimônia em que passará a função para o general Edson Rosty está prevista para quinta-feira (20).
Pazuello assumiu o comando da 12ª Região Militar em janeiro. Em abril, foi convocado para assumir o posto de secretário-executivo do Ministério da Saúde na gestão Teich, que chefiou a pasta por menos de um mês, depois que substituiu Luiz Henrique Mandetta.
A Saúde não tem um titular efetivo há 3 meses e 2 dias. Nelson Teich deixou a pasta em 15 de maio e Pazuello foi oficializado ministro interino em 3 de junho.
De acordo com uma alta fonte da pasta ouvida pela reportagem em condição de anonimato, o ministro diz que a passagem do comando já estava acertada com o Exército e que ficará agregado ao Ministério da Defesa, mas cedido à Saúde.
Segundo este integrante da cúpula do ministério, quando indagado sobre a possibilidade de ser efetivado à frente da Saúde, o ministro interino diz que cargos de confiança são sempre temporários e que fica no posto enquanto for da vontade de Bolsonaro.
O nome do recém-escolhido líder do governo na Câmara, deputado Ricardo Barros (PP-PR), também circula em Brasília como possibilidade para assumir a pasta, o que devolveria a Saúde ao centrão. Barros já comandou o ministério de 2016 a 2018.
O presidente, porém, tem elogiado a gestão de Pazuello, apesar das críticas de o interino não ser da área da saúde.
Em 8 de agosto, o Brasil ultrapassou a marca das 100 mil mortes provocadas pelo novo coronavírus. Na noite de domingo (16), o país registrava 3.340.197 casos confirmados e 107.852 óbitos, segundo os dados oficiais. Pela contagem do consórcio de veículos de imprensa, o país alcançou os 107.879 óbitos e 3.339.999 infecções desde o início da pandemia.
Em julho, uma crítica do ministro Gilmar Mendes, do STF (Supremo Tribunal Federal), gerou uma crise que aumentou a pressão da cúpula das Forças Armadas para que Pazuello deixasse o comando da Saúde ou se transferisse para a reserva como forma de dissociar a imagem dos fardados do governo Jair Bolsonaro.
Militares ficaram bastante incomodados ao ver respingar em suas fardas as críticas feitas por Gilmar, que disse que o Exército, ao ocupar cargos técnicos no Ministério da Saúde em meio à crise do novo coronavírus, estava se associando a um genocídio.
Desde que Pazuello foi oficializado como ministro interino da Saúde, a cúpula das Forças Armadas defendia que ele saísse assim que possível para não confundir o papel dos militares da ativa com a política, o que considera que é inevitável no cargo de ministro, ainda mais agora, durante a pandemia.
O jornal Folha de S.Paulo mostrou à época que o general se recusava ingressar na reserva, o que só precisa fazer em março de 2022, e que ele indicou a Bolsonaro que havia algumas janelas para que o presidente escolhesse um titular. A última seria em setembro, quando o ministro interino acreditava que a pandemia de Covid-19 estaria sob controle e a pasta já estruturada.
Diante da crítica de Gilmar sobre a presença de militares em cargos técnicos, Pazuello argumentou que, dos cerca de 5.470 funcionários da Saúde, apenas 15 são militares da ativa, sendo ele e outros três em função de comando. Há pelo menos outros nove militares da reserva na pasta.
Em meio à crise do mês passado, Bolsonaro transferiu para a reserva do Exército, a pedido, o ministro-chefe da Secretaria de Governo, general Luiz Eduardo Ramos.
Além da Secretaria de Governo, a Casa Civil e o GSI (Gabinete de Segurança Institucional) também são comandados por generais da reserva, Walter Braga Netto e Augusto Heleno, respectivamente.