Paulo Câmara será uma peça importante no jogo eleitoral para 2022 Por Blog da Folha

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Com o ex-presidente Lula (PT) livre para candidatar-se em 2022, em decisão revalidada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), as movimentações para a composição de uma chapa liderada pelo petista começam a ganhar força. Uma das principais especulações é a do governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB), compor a chapa presidencial ao lado do líder do PT. A especulação acontece após uma reunião virtual de Lula com o socialista. Segundo a revista Veja, o presidente e o governador devem ter novo encontro nos próximos dias para tratar do assunto. O pernambucano é vice-presidente nacional do partido, mas, para concorrer ao cargo, precisaria deixar a gestão do Estado até abril de 2022, prazo máximo estabelecido pela legislação eleitoral para desincompatibilização do cargo. 
O deputado federal Danilo Cabral, líder do PSB na Câmara Federal, afirmou que a especulação traz a importância do Nordeste na discussão nacional. “O governador Paulo Câmara é um quadro para qualquer cargo no Brasil. É uma alternativa que pode representar a força política do PSB e do Nordeste. Defendo que o partido tenha um protagonismo na eleição de 2022. Isso pode ocorrer com candidatura própria ou em aliança política com partidos do nosso campo de oposição, como o PT e outros”, disse.
Até o mês passado, aliados do governador afirmavam que uma aposta mais segura para o seu futuro político poderia ser concorrer ao cargo de deputado federal, mas que a composição em uma chapa presidencial ou mesmo a disputa por uma cadeira no Senado ainda não estava descartadas. Nos bastidores, um aliado socialista comenta que, mesmo que o governador não seja o nome escolhido para participar da composição, ele participa internamente de todos os debates sobre o assunto.
“Ele tem todas as condições para ocupar qualquer cargo. Tem experiência, aliados, sabe como contornar as situações. Mas cada articulação é complexa. Então é importante que se coloque que, pela posição que ele ocupa hoje no partido, caso ele não seja o nome batido para formar a chapa, ele participaria diretamente da escolha do nome socialista para compor a chapa, se fosse mesmo definido que o partido decidisse pelo PT”, disse.
Atualmente, a tendência do PT é adotar candidaturas próprias nos estados onde já governa e em grandes colégios eleitorais. Recentemente, o próprio Lula reforçou a necessidade de compor com partidos de centro. Segundo o petista, seria importante ir além de partidos de esquerda na construção de uma candidatura para o Planalto. A informação foi revelada pela coluna Painel, da Folha de São Paulo. Neste sentido, o PSB poderia apresentar nomes que seriam capazes de agregar ao projeto nacional. 
O PT e o PSB romperam nacionalmente após o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) e depois ensaiaram uma reaproximação no primeiro turno das eleições de 2018. O reencontro somente foi oficializado após o segundo turno, quando o PSB embarcou no projeto do PT e abraçou a campanha de Fernando Haddad contra o então candidato Jair Bolsonaro. De lá pra cá a relação passou por alguns percalços, como as eleições de 2020 no Recife, mas os caciques demonstram não nutrir apego por eventos passados.
O PSB ainda pode decidir pela composição com o PDT de Ciro Gomes. Nas eleições de 2020, os dois partidos firmaram aliança em oito capitais. O PT, que rompeu com os socialistas para o pleito municipal, perdeu em todas, inclusive no Recife. Na sexta, o pre­sidente nacional do PDT, Carlos Lupi, voltou a falar sobre a irredutibilidade da candidatura de Ciro Gomes. “O Ciro é um candidato irreversível do Trabalhismo. Nós precisamos e teremos Ciro Gomes candidato a presidente da República em 2022”, assegurou Lupi. “Estamos trabalhando muito para formar uma aliança. É claro que nós temos que compreender que essa aliança, pela fotografia do Brasil, precisa ser mais ao centro, a chamada centro-esquerda, para conseguir avançar”, disse, durante live.
Sobre o cenário para o próximo pleito, o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, observou as singularidades de cada disputa  “A eleição municipal é uma coisa, a eleição presidencial é outra eleição. A realidade nacional é a que vai predominar. E é cedo inclusive. Nós não descartamos a ideia de candidatura própria, nós não descartamos a ideia de ter uma aliança com o PDT, nem com o PT e nem com qualquer outra força política. Nós estamos observando o cenário político, nós sabemos que é muito cedo”. A declaração do socialista foi feita na manhã desta sexta-feira, durante entrevista ao programa Manhã da Clube, da Rádio Clube AM. 
Ainda de acordo com o presidente do PSB, o assunto será discutido também no congresso nacional do partido, marcado para novembro deste ano. “Esse é um assunto em aberto que deve ser definido ainda no início de 2022. Mas não agora. Então há conversas com vários setores, nós temos um adversário comum. Nós socialistas e todos os democratas brasileiros temos um adversário em comum que é o atual presidente da República, nós precisamos ver qual é a alternativa melhor que se preste a derrotar o presidente Bolsonaro em 2022, que tenha amplas forças políticas ou a realidade pode nos indicar outro caminho”, explicou Siqueira em entrevista à rádio. 
Na avaliação do deputado   Tadeu Alencar (PSB-PE), ainda que internamente comente-se sobre questões política, o debate atual segue centrado na crise sanitária. Contudo, o parlamentar afima que Paulo tem todos os atributos para ocupar cargos de relevo. “O governador tem todos os predicados e os atributos para ocupar posições de relevo no plano nacional também. Mas acho que não é o caso de discutir isso neste momento”, concluiu Tadeu Alencar.