Na eleição de 2004 muita gente apostava que o então prefeito do Recife João Paulo seria sumariamente derrotado porque fazia uma gestão mal-avaliada pelos recifenses, e amargava a terceira colocação atrás de Cadoca e Joaquim Francisco que iniciaram a disputa bem a frente dele nas pesquisas. No decorrer do pleito João Paulo não só recuperou-se nas pesquisas como venceu a disputa no primeiro turno com significativa folga, e ainda saiu da prefeitura em 2008 com elevada aprovação, tanto que elegeu o sucessor.
Em 2016 Geraldo Julio não tinha o elevado desgaste de João Paulo em 2004 mas começou atrás nas pesquisas, no decorrer da campanha começou a crescer e terminou o primeiro turno com pouco mais de 49% dos votos válidos. No segundo turno contra o próprio João Paulo venceu a disputa com a maior votação da história do Recife.
Este ano Paulo Câmara passou pelas mesmas dificuldades que João Paulo em 2004, e viu muita gente apostar que ele sairia derrotado nas urnas. Na fase de pré-campanha o governador foi beneficiário de dois episódios envolvendo o processo eleitoral, o primeiro foi a vitória de Jarbas Vasconcelos na queda de braço com Fernando Bezerra Coelho pelo comando do MDB. A manutenção do partido na Frente Popular foi duplamente importante, primeiro porque manteve o tempo de televisão do partido na sua coligação, depois porque evitou que ele fosse para Armando Monteiro.
O segundo episódio foi a retirada de Marília Arraes do páreo, uma vez que ela era quem polarizava a disputa com ele, ao tirá-la do jogo, Paulo Câmara escolheu Armando Monteiro como seu adversário, e garantiu o tempo de televisão do PT, e principalmente a tese de dividir a disputa entre o palanque de Lula e o palanque de Temer. O guia eleitoral começa nesta sexta-feira e Paulo Câmara por garantir MDB e PT na sua coligação terá o dobro do guia eleitoral de Armando e o mesmo tempo que a soma de todos os seus adversários.
Para completar, Paulo Câmara já começou a disputa com seis pontos de vantagem sobre Armando Monteiro nos três levantamentos divulgados. A sua rejeição que seus adversários estão comemorando por ser dez pontos maior do que a de Armando no Datafolha, está longe de ser um fator inviabilizador. É absolutamente natural que um governo que representa uma continuidade de doze anos tenha algum tipo de rejeição, estranho seria se não houvesse rejeição. Ela só seria um fator de alerta se tivesse beirando os 70%, mas todos os institutos comprovaram que está muito longe disso. Com o início do guia eleitoral, salvo haja um fato novo na eleição, a tendência é de Paulo Câmara ampliar a vantagem, uma vez que terá também o maior exército de prefeitos e candidatos a deputado estadual e federal pedindo o voto, bem como a retaguarda de ser o candidato de Lula, que o PSB está sabendo explorar por onde o governador passa. (por Edmar Lyra)