Edmar Lyra
Despretensioso, Paulo Câmara ocupou três secretarias no governo Eduardo Campos, no primeiro Administração e Turismo, e no segundo assumiu a Fazenda, sendo alçado pelo então governador à condição de candidato da Frente Popular em 2014 sem nunca procurar este projeto. Passados sete anos da sua escolha como candidato e seis de governo, Paulo Câmara caminha para entrar no último ano do seu governo em 2022 sob grande possibilidade de deixar o cargo em abril do próximo ano.
Esta semana voltou a ter seu nome ventilado na mídia nacional para ser candidato a vice-presidente numa chapa encabeçada por Lula. Apesar de ambos serem pernambucanos, todo mundo sabe que a base política do ex-presidente é São Paulo, foi lá onde ele foi forjado como liderança sindical e depois se consolidou como liderança nacional. Pesa a favor da escolha de Paulo Câmara uma série de fatores, o primeiro é a importância estratégica do PSB no campo de esquerda, a sua ida para o projeto de Lula poderá ajudar a desmobilizar outras candidaturas que dividiriam votos com Lula, como por exemplo Ciro Gomes (PDT) e Luciano Huck, que chegou a flertar com socialistas para disputar 2022.
O segundo fator é que o ambiente de 2022 é diferente do de 2002, quando Lula conseguiu emplacar um empresário renomado para a sua vice, que foi José de Alencar, o sentimento geral é que o empresariado está cada vez mais refratário a política e dificilmente alguém com um perfil parecido com Alencar topasse o desafio. O terceiro é o estilo de Paulo Câmara, que sendo muito discreto, seria uma espécie de vice dos sonhos para qualquer presidente, em especial Lula, que sabe da importância de ter alguém de sua extrema confiança ao seu lado.
Ainda que não seja alçado à condição de vice-presidente na chapa encabeçada por Lula, está evidente que apenas a lembrança do seu nome faz de Paulo Câmara um ator estratégico e mais do que isso, deverá colocá-lo em definitivo na disputa de algum cargo eletivo no próximo ano, como por exemplo o de deputado federal. E numa eventual vitória de Lula, Paulo seria um ministeriável de alto nível para auxiliar um terceiro governo do petista.