Por Edmar Lyra – Considerado mais técnico que político, Paulo Câmara ascendeu à condição de candidato a governador de Pernambuco em 2014 após ter uma exitosa passagem pelas secretarias de Administração, Turismo e Fazenda nos governos Eduardo Campos. Ele não tinha filiação partidária mas acabou sendo convencido por um grupo de socialistas a se filiar ao PSB. Isso o credenciou para ser a escolha de Eduardo para a sua sucessão.
Foi candidato, venceu a disputa, mas teve que enfrentar um cenário diferente do script traçado, que foi a morte precoce de seu padrinho político, e ao assumir o governo em 2015 enfrentou toda sorte de desafios, tanto no primeiro mandato quanto no segundo, que conquistou contrariando prognósticos de muita gente. Suas vitórias garantiram uma hegemonia de dezesseis anos do PSB em Pernambuco, mas não só isso, contribuíram para que houvesse a reeleição de Geraldo Julio em 2016 e a eleição de João Campos em 2020. Sem o governo de Pernambuco, certamente seria mais difícil para o PSB manter o controle da capital pernambucana.
Nas eleições de 2022, Paulo Câmara não admitia publicamente mas não descartava ser candidato a senador, também considerava dois outros cenários, ficar até o final e emplacar um nome da sua confiança, ou ser candidato a deputado federal. Num gesto de disciplina partidária, levando em conta a perspectiva do partido de manter o comando do estado, abriu mão de qualquer projeto eleitoral em 2022.
Na última sexta-feira, Paulo Câmara anunciou a desfiliação do PSB, de quem era vice-presidente nacional. Continua cotado para assumir a presidência do Banco do Nordeste, se concretizada será na cota pessoal do presidente Lula, o que será uma escolha extraordinária do petista, que terá a frente da instituição um quadro técnico, experiente e que é extremamente disciplinado. Ganhará o governo Lula e o próprio Banco do Nordeste com a sua ascensão ao posto.