Renata Bezerra de Melo/Folha de Pernambuco
As conversas em torno da Reforma Administrativa foram retomadas pelo governador Paulo Câmara ainda no mês passado, como a coluna revelara. Foi ali que ele recebeu o presidente estadual do PSD, André de Paula, para uma conversa, assim como foi à mesa também com outras lideranças. Ontem, o chefe do Executivo estadual formalizou o nome de Ruy Rêgo Rocha, conforme a coluna antecipara, para presidir o Instituto de Recursos Humanos (IRH). Ruy é uma indicação do PSD e o cargo que ele vai ocupar estava vago desde que Ruy Bezerra fora exonerado, em outubro de 2020, para integrar a Casa Civil. Junto com Ruy Rocha, Paulo Câmara anunciou o nome da delegada Ana Elisa Fernandes Sobreira como nova secretária da Mulher. Detalhe: ela é uma indicação da deputada estadual Gleide Ângelo. Não à toa, o governador recebeu Gleide, ontem, no Palácio das Princesas. O movimento se dá após um período em que se multiplicaram os rumores de que a delegada licenciada poderia deixar o PSB. Pessoas próximas a ela vinham repisando a insatisfação de Gleide com o trato recebido dentro do próprio partido.
Nas coxias, no entanto, fontes socialistas garantem que a relação de Gleide com o próprio governador nunca fora abalada. Em 2018, ela foi a deputada estadual mais votada da história do Estado, eleita com 412.636 votos. O gesto de Paulo Câmara, agora, deve garantir que, a despeito do incômodo de Gleide em relação a outras lideranças da sigla, o capital eleitoral dela esteja assegurado projeto da Frente Popular em 2022. A movimentação denota ainda que as costuras políticas no PSB estão sendo encaminhadas pelo Palácio das Princesas em detrimento de intermediários de outrora. O caso de Ana Elisa Sobreira é um exemplo de que as rédeas estão com o próprio governador. Durante a campanha de 2020, o mal-estar andava tão latente que, entre socialistas, pergunta das mais repetidas era: “Onde está Gleide Ângelo?”. Gleide dobrou com João Campos. Mas, no ano passado, só apoiou candidatos a vereador e engajou-se em candidaturas relacionadas à luta das mulheres, sem se debruçar na direção de candidatos majoritários, nem de João Campos. Os sinais parecem terem sido apreendidos pelo governador que agiu para contornar.