Por Renata Bezerra de Melo/Folha de Pernambuco
O próprio governador Paulo Câmara avisara, ainda no final de 2021, durante entrevista de balanço do ano à Folha de Pernambuco, que iria ouvir os partidos da Frente Popular antes de bater o martelo, em janeiro ainda, no nome que concorrerá à sua sucessão.
O detalhe é que essa ausculta foi iniciada sem alarde. Não só os petistas entraram nesse roteiro nos últimos dias. Se recebeu o senador Humberto Costa e o presidente estadual do PT, Doriel Barros, o chefe do Executivo estadual também agendou para ouvir o MDB.
A conversa ocorreria, nesta quinta (13); acabou desmarcada, no entanto, porque o governador, segundo uma fonte socialista, teria apresentado sintomas de gripe. Por precaução, achou melhor adiar.
Entre a conversa com os petistas, na última terça-feira (11), e a que se daria com o MDB, Paulo Câmara ainda recebeu, no Palácio das Princesas, na quarta-feira (12), os dois deputados federais de seu partido que têm nomes cotados para concorrerem à sua sucessão: Tadeu Alencar e Danilo Cabral.
Esses parlamentares se enquadram na condição de alternativa política, demandada por uma ala do partido, que não digere bem a possibilidade de o secretário da Casa Civil, José Neto, vir a ser o escolhido para encabeçar a chapa, como se ventila.
Embora caiba ao referido auxiliar cuidar da articulação política do governo, ele não tem mandato e não é filiado ao PSB, o que faz uma ala, conhecida como mais orgânica na legenda, julgá-lo como opção técnica e inviável para o momento.
A tese leva em conta a avaliação de que essa eleição se encaminha para se dar num formato mais tradicional e menos da antipolítica, ao contrário de 2018. Daí, esse grupo no PSB, que alega ainda dispor de pesquisas nesse sentido, vir trabalhando para emplacar um nome já experimentado nas unas.
Em relação ao MDB, o partido é tido como relevante para a aliança. Socialistas relatam que deve haver um esforço do PSB para colaborar com a formação da chapa proporcional da sigla, como forma de mantê-la no arco da Frente Popular.
Um movimento original, que ganhou eco ainda em 2021 de alocar parlamentares de outras legendas no MDB, inclusive, ainda estaria de pé nos planos dos socialistas.
O tema deve fazer parte da pauta da reunião, que ficou para outro momento, mas já sinaliza que as consultas, esperadas pelos aliados, foram abertas.
Quem tem prazo
Paulo Câmara, na entrevista do balanço de 2021 à Folha de Pernambuco, dissera o seguinte sobre o prazo para definição do nome: “Temos que definir, gostaria muito que janeiro fosse um prazo importante para gente fazer essas definições”.
Da ausculta > Ao se referir aos aliados, Paulo assinalara: “Não sou só eu, temos um conjunto de partidos que nos apoiam, companheiros leais que querem o bem de Pernambuco, querem nos ajudar”. E arrematara: “Temos que ouvir o PSB, que é um partido que governa Pernambuco há 15 anos e tem colaborado, nos ajudando muito, temos que fazer essas conversas”.
Por exemplo > Há um grupo na Frente Popular, destacando que governadores do Nordeste, como Camilo Santana (Ceará) e Flávio Dino (Maranhão), concorrerão ao Senado, o que poderia ser reproduzido por Paulo Câmara. Um movimento desse casaria com a tese de Humberto Costa, que vem repisando ser um “desperdício” o governador de Pernambuco seguir na cadeira até o fim o mandato e que uma chapa com ele seria “imbatível”.