Nas eleições de 2018 tivemos uma série de indicativos de que o eleitor está saturado com os políticos tradicionais, vide a eleição de Jair Bolsonaro e a estrondosa votação de Gleide Ângelo para deputada estadual. Tal movimento se repetiu por todo o país e não há indícios de reversão, muito pelo contrário, a perspectiva é ampliar a chegada de pessoas que nunca exerceram mandatos eletivos.
Na capital pernambucana, conseguimos observar uma expressiva votação para o presidente Jair Bolsonaro, que com poucos apoios venceu no Recife no primeiro turno e praticamente empatou com Fernando Haddad no segundo turno. Na disputa pelo governo, se dependesse dos recifenses, teríamos segundo turno entre Armando Monteiro e Paulo Câmara, e no Senado, Mendonça Filho foi o mais votado com quase 270 mil votos.
Os números de 2018 trazem uma perspectiva para 2020 onde aproximadamente 40% do eleitorado sinaliza não querer votar no PSB e pretende alguém de oposição e que possa ter algum tipo de identificação com o presidente Jair Bolsonaro. Com políticos tradicionais sem grande apelo popular, a oposição poderia apostar numa novidade, que seria a delegada Patrícia Domingos para disputar a prefeitura do Recife.
A delegada é bastante eloquente, tem um perfil mais palatável ao eleitorado que rejeita o PSB e a esquerda, e poderia se configurar numa outsider dos sonhos para a disputa. Se porventura fosse colocada no PSL, utilizando o número 17 de Jair Bolsonaro, tendo uma estrutura de campanha para explorar guia eleitoral e redes sociais, Patrícia pode representar uma grave ameaça à hegemonia do PSB na capital pernambucana. Em vez de políticos novos oriundos de famílias tradicionais, a oposição poderia apostar numa candidata limpa, sem amarras e que pode se configurar num fato novo na eleição. (Edmar Lyra)